Translate
sábado, 19 de novembro de 2016
O que são verbos abundantes?
Verbos abundantes são aqueles que têm duas ou mais formas equivalentes, ainda que uma delas aos poucos deixe de ser empregada. É o caso do verbo haver em suas formas havemos/hemos, em que a segunda é pouco utilizada. Na portuguesa, os exemplos mais numerosos de abundância se dão no particípio.
Os particípios da língua portuguesa podem apresentar duas formas: uma regular (terminada em -ado/-ido) e uma irregular (como em feito, salvo). Os particípios regulares são usados na voz ativa, com os verbos auxiliares ter e haver.
Os particípios irregulares são usados na voz passiva, com os verbos auxiliares ser, estar e ficar.
Os políticos foram eleitos pelo povo.
As apostilas foram impressas na gráfica.
Na norma culta, chegar apresenta apenas o particípio regular: chegado.
Alguns verbos apresentam apenas particípios irregulares (escrever, descobrir, cobrir, subscrever, abrir):
Dom Casmurro foi escrito por Machado de Assis.
O Brasil foi descoberto em 1500.
Veja abaixo alguns exemplos de verbos abundantes que possuem dois particípios. É sempre bom lembrar que algumas formas indicadas abaixo não são muito utilizadas no português usado no Brasil.
*As abreviaturas entre parênteses indicam se o particípio é usado com a voz ativa (a.) ou a voz passiva (p.).
Observe também a conjugação do verbo construir, que é abundante em algumas pessoas do singular e do plural:
Presente do indicativo: construo, construis (ou contróis), construi (ou constrói), construímos, construís, construem (ou constroem).
Imperativo afirmativo: construa, construi tu (ou constrói tu), construa, construamos, construí, construam.
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
SUPER LUA REGISTRADA PELO MUNDO
Clique no link abaixo para ver a super lua registrada pelo mundo.
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/fotos/2016/11/superlua-e-registrada-pelo-mundo-fotos.html#F2233410
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/fotos/2016/11/superlua-e-registrada-pelo-mundo-fotos.html#F2233410
AFINAL O QUE É UM TEXTO?
Olá, resolvi compartilhar parte da apostila de produção textual que estou criando. Nessa parte você pode entender o que é um texto e conhecer os tipos e gêneros textuais. Bons estudos!
Conceituação de texto – Quebrando
paradigmas.
Segundo Inez Sautchuk (2011,
pág.04), “Uma única apalavra, perdida no dicionário, não é texto. Mas a mesma
única palavra atinge imediatamente o status de texto quando alguém a usar numa
determinada situação de comunicação, atribuindo-lhe sentido(s) par outro
alguém.”.
Podemos exemplificar o que
Sautchuk diz utilizando a seguinte explicação de Alfredina Nery, 2005: “Para entender o conceito de texto,
pensamos duas seguintes situações:”.
1) Você foi
visitar um amigo que está hospitalizado e, pelos corredores, você vê placas com
a palavra "Silêncio".
2) Você está andando
por uma rua, a pé, e vê um pedaço de papel, jogado no chão, onde está escrito
"Ouro".
Segundo Alfredina Nery, na situação 1), a
palavra "Silêncio" está dentro de um contexto significativo por meio
do qual as pessoas interagem: nós como leitores das placas, e os
administradores do hospital, que têm a intenção de comunicar a necessidade de
haver silêncio naquele ambiente. Assim, a palavra "Silêncio" é um
texto.
Na situação 2), a
palavra "Ouro" não é um texto. É apenas um pedaço de papel encontrado
na rua por alguém. A palavra "Ouro", na circunstância em que está,
quer dizer o quê? Não há como saber. Mas e se a palavra "Ouro"
estiver escrita em um cartaz pendurado nas costas de um daqueles homens que
ficam nas esquinas do centro das cidades grandes que anunciam a compra de ouro?
Nessa situação, a palavra "Ouro" constitui um texto, porque se
encontra num contexto significativo em que alguém quer dizer algo para outra
pessoa (no caso, vender/comprar ouro) e, então anuncia isso.
Texto é, então, uma
sequência verbal (palavras), oral ou escrita, que forma um todo que tem sentido
para um determinado grupo de pessoas em uma determinada situação. O texto pode
ter uma extensão variável: uma palavra, uma frase ou um conjunto maior de
enunciados, mas ele obrigatoriamente necessita de um contexto significativo
para existir. (ALFREDINA NERY, 2005)
“Circuito fechado”, de Ricardo Ramo é um
modelo de texto constituído por palavras soltas que se amarram devido ao
contexto no qual estão inseridas.
Circuito Fechado
Chinelos, vaso, descarga. Pia sabonete.
Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma,
gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para
cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata,
paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maços de
cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato,
bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e
poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas,
blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com
plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e
fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques,
memorandos, bilhetes, telefone, papéis.
Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros,
cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta,
projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz,
papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos,
talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova
de dente, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de
papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio,
caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta,
telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro,
fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó,
gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres,
copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e
fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e
fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma,
água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.
(Ricardo Ramos)
"Circuito fechado" não é
uma série de palavras soltas,
na verdade, trata-se de um texto. Apesar de haver palavras, aparentemente, sem relação, numa primeira leitura, é possível dizer, depois de outra leitura mais atenta, que há uma articulação entre elas.
Em "Circuito fechado" há, quase que exclusivamente, substantivos (nomes de entidades cognitivas e/ou culturais, como "homem", "livro", "inteligência" ou palavras que designam ou nomeiam os seres e as coisas).
Pela escolha dos substantivos e pela sequência em que são usados, o leitor pode ir descobrindo um significado implícito, um elemento que as une e relaciona, formando o texto.
Podemos dizer que este texto se refere a um dia na vida de um homem comum., pois no início do texto, há substantivos relacionados a hábitos rotineiros, como levantar, ir ao banheiro, lavar o rosto, escovar dentes, fazer barba (para os homens), tomar banho, vestir-se e tomar café da manhã. Já no final do texto, há o voltar para casa, comer, ler livro, ver televisão, fumar, tirar a roupa, tomar banho/escovar dentes, colocar pijama e dormir. Também ficamos sabendo que na casa da personagem há quadros, pois o narrador usa a palavra duas vezes: no momento do café e na volta para casa. No escritório há "Relógio". Escolha intencional do autor, talvez para relacionar relógio e trabalho, trabalho e rotina.
na verdade, trata-se de um texto. Apesar de haver palavras, aparentemente, sem relação, numa primeira leitura, é possível dizer, depois de outra leitura mais atenta, que há uma articulação entre elas.
Em "Circuito fechado" há, quase que exclusivamente, substantivos (nomes de entidades cognitivas e/ou culturais, como "homem", "livro", "inteligência" ou palavras que designam ou nomeiam os seres e as coisas).
Pela escolha dos substantivos e pela sequência em que são usados, o leitor pode ir descobrindo um significado implícito, um elemento que as une e relaciona, formando o texto.
Podemos dizer que este texto se refere a um dia na vida de um homem comum., pois no início do texto, há substantivos relacionados a hábitos rotineiros, como levantar, ir ao banheiro, lavar o rosto, escovar dentes, fazer barba (para os homens), tomar banho, vestir-se e tomar café da manhã. Já no final do texto, há o voltar para casa, comer, ler livro, ver televisão, fumar, tirar a roupa, tomar banho/escovar dentes, colocar pijama e dormir. Também ficamos sabendo que na casa da personagem há quadros, pois o narrador usa a palavra duas vezes: no momento do café e na volta para casa. No escritório há "Relógio". Escolha intencional do autor, talvez para relacionar relógio e trabalho, trabalho e rotina.
Tipologia textual e gêneros
textuais
O aspecto teórico e terminológico
relevante é a distinção entre duas noções nem sempre analisadas de modo claro
na bibliografia pertinente: a definição de tipo textual e de gênero textual.
Segundo Marcuschi (2008, p.154): Usamos
a expressão tipo textual pra designar
uma espécie de sequencia teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais,
sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). Em geral, os tipos textuais
abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação,
exposição, descrição, injunção.
Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em
nossa vida diária e que apresentam características sócio comunicativas definidas por conteúdos, propriedades
funcionais, estilo e composição característica. Se os tipos textuais são apenas
meia dúzia, os gêneros são inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam; telefonema, sermão, carta comercial, carta
pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de
condomínio, noticia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de
remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, cardápio de restaurante,
instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso,
piada, conversão espontânea, conferencia, carta eletrônica, bate-papo por
computador, aulas virtuais e assim por diante. MARCUSCHI (2008).
Para
maior visibilidade, abaixo segue o quadro sinóptico elaborado por Marcuschi
(2007, p.22):
TIPOS TEXTUAIS
|
GÊNEROS TEXTUAIS
|
1. construir teóricos definidos por
propriedades linguísticas intrínsecas.
|
1. realizações linguísticas concretas
definida por propriedades sócio-comunicativas;
|
2. constituir sequencias linguísticas
o sequencias de enunciados no interior dos gêneros e não soa textos
empíricos.
|
2. constituem textos empiricamente
realizados cumprindo funções em situações comunicativas;
|
3. sua nomeação abrange um conjunto
limitado de categorias teóricas determinadas por aspectos lexicais,
sintáticos, elações lógicas, tempo verbal;
|
3. sua nomeação abrange um conjunto
aberto e praticamente ilimitado de designações concretas determinadas pelo
canal, estilo, conteúdo, composição e função.
|
4. designações teóricas dos tipos:
narração, argumentação, descrição, injunção e exposição.
|
4. exemplos de gêneros: telefonema,
sermão, carta comercial, carta
pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, reunião
de condomínio, noticia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de
remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, cardápio de restaurante,
instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso,
piada, conversão espontânea, conferencia, carta eletrônica, bate-papo por
computador, aulas virtuais, etc.
|
ü Tipos de texto
Tipo
textual designa uma espécie de construção teórica (em geral uma sequencia
subjacente aos textos) definida pela natureza linguística de sua composição
(aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações, lógica, estilo). O
tipo caracteriza - se muito mais como sequencias linguística (sequencias
retóricas) do que como textos materializados a rigor, são modos textuais. Em
geral os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas
como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. MARCUSCHI (2008).
De
forma mais sucinta, tipo textual é a forma como um texto se apresenta. As
tipologias mais usadas são: narração, descrição, dissertação (ou exposição),
argumentação, informação, injunção, diálogo e entrevista. É importante que não
se confunda tipo textual com gênero textual.
O
conceito dos textos a seguir, assim como os seus exemplos foram tirados do
internet, publicados pelo professor Adalid Zeballos, em seu blog no dia 29 de
abril de 2013.
ü Texto
Narrativo > contar; relatar.
A
narração consiste em arranjar uma sequencia de fatos na qual os personagens se
movimentam num determinado espaço à medida que o tempo passa.
O
texto narrativo é baseado na ação que envolve personagens, tempo, espaço e
conflito. Seus elementos são: narrador, enredo, personagens, espaço e tempo.
Dessa forma, o
texto narrativo apresenta uma determinada estrutura:
Esquematizando
temos:
-
Apresentação;
-
Complicação ou desenvolvimento;
-
Clímax;
-
Desfecho.
A
narrativa é centrada num conflito vivido pelos personagens. Diante disso, a
importância dos personagens na construção do texto é evidente.
Podemos
dizer que existe um protagonista (personagem principal) e um antagonista
(personagem que atua contra o protagonista, impedindo-o de alcançar seus
objetivos). Há também os adjuvantes ou coadjuvantes, esses são personagens
secundários que também exercem papéis fundamentais na história.
Em
nosso cotidiano encontramos textos narrativos; contamos e/ou ouvimos histórias
o tempo todo. Mas os textos que não pertencem ao campo da ficção não são
considerados narração, pois essas não têm como objetivo envolver o leitor pela
trama, pelo conflito. Podemos dizer que nesses relatos há narratividade, que
quer dizer, o modo de ser da narração. Os elementos que compõem a narrativa
são:
- Foco narrativo (1º e 3º pessoa)
Os Elementos da Narrativa: - Narrador (personagem ou observador).
- Tempo (cronológico e psicológico);
- Espaço.
Exemplo
I de Texto Narrativo:
“Conta à lenda que um
velho funcionário público de Veneza noite e dia, dia e noite rezava e implorava
para o seu Santo que o fizesse ganhar sozinho na loteria cujo valor do premio o
faria realizar todos seus desejos e vontades. Assim passavam os dias, as
semanas, os meses e anos. E nada acontecia. Até que no dia do Santo, de tanto
que seu fiel devoto chorava e implorava, o Santo surgiu do nada e numa voz de
desespero e raiva gritou:
Pelo menos meu filho
compra o bilhete!!!”
Exemplo
II de Texto Narrativo:
Cuidado com o que se deseja
Ex-aluna
do CFS
Pedro era um garoto muito arrogante; sempre
reclamava de tudo e queria que as coisas fossem feitas a sua maneira. Queria
que todos ao seu redor fossem condescendentes com seus caprichos e, quando as
coisas não saíam ao seu contento, tinha ataques tão terríveis, que muitas vezes
seus vizinhos pensaram em chamar a polícia para contê-lo.
Um belo fim de tarde, logo depois da escola, Pedro
estava caminhando pela rua quando se deparou com uma garrafa de formato anormal
em cima do meio-fio; abaixou-se, pegou-a e, como era afobado, em vez de admirar
o peculiar acabamento da garrafa, começou a sacudi-la para ver se havia algo
dentro. Porque não ouviu nenhum som, concluiu que deveria estar vazia. Quando
estava prestes a jogá-la fora, percebeu ranhuras no casco, que era feito de
vidro fosco, e levantou a garrafa contra a luz. Forçando a vista, percebeu
alguns sinais que aos poucos foram se convertendo em letras. Pôde ler então a
mensagem: “Abra-me!”.
O menino, convencido de que se tratava de uma
brincadeira, decidiu não obedecer ao comando de uma estúpida garrafa. Ainda com
o objeto na mão, caminhou mais um quarteirão e estacou no meio do caminho. A
curiosidade ainda persistia. Escondeu-se atrás de um muro, olhou para todos os
lados e, quando se convenceu de que estava sozinho, abriu a garrafa.
De dentro dela, saiu uma fumaça rosada que, ao se
dissipar, revelou uma estranha criatura encantada que lhe disse que ele teria
direito a um desejo; apenas um desejo. Pedro, muito esperto, soube
instantaneamente o que desejaria.
— Se é assim, quero ter o dom de poder realizar
todos os meus desejos, bastando para isso apontar simplesmente o meu dedo.
— Que assim seja, mestre! — disse a criatura com um
sorriso irônico, desaparecendo logo em seguida.
Pedro correu para casa, doido para começar a
realizar seus desejos, agora que possuía esse fantástico poder.
Ao dobrar uma esquina, deu um encontrão em uma
menina. Refazendo-se do susto, ele viu que não era apenas uma menina; era
simplesmente a menina mais cobiçada do bairro, a mais linda da região, pela
qual Pedro era apaixonado.
— Agora vou me dar bem! — maquinou o menino,
murmurando para si.
Pedro, discretamente, apontou o dedo para a menina
e, baixinho, disse:
— Apaixone-se por mim.
A bela menina, como se estivesse em transe
hipnótico, lançou sobre Pedro um olhar de malícia e gemeu docemente:
— Ai, meu Deus! Que gato!
O menino, apesar de ter sido atendido em seu
desejo, mas ainda surpreso com o efeito que presenciava, encabulado, apontou o
dedo para si mesmo e disse:
— Gato? Eu?
A partir desse dia, a bela menina, quando andava
pelas ruas dali, era perseguida e assediada por um gatinho branco e fofo,
sempre a miar e a ronronar em volta de suas pernas. E Pedro, menino caprichoso
e malcriado, para estranheza de toda a vizinhança, nunca mais foi visto.
ü Texto
Descritivo > caracterizar; adjetivar.
“Descrição
é a representação verbal de um objeto sensível (ser, coisa, paisagem), através
da indicação dos seus aspectos mais característicos, dos pormenores que o
individualizam, que o distinguem.” Quem
disse?
Descrever
não é enumerar o maior número possível de detalhes, mas assinalar os traços
mais singulares, mais salientes; é fazer ressaltar do conjunto uma impressão
dominante e singular. Dependendo da intenção do autor, varia o grau de exatidão
e minúcia na descrição.
Diferentemente
da narração, que faz uma história progredir, a descrição faz interrupções na
história, para apresentar melhor um personagem, um lugar, um objeto, enfim, o
que o autor julgar necessário para dar mais consistência ao texto.
Texto
descritivo é, então, desenhar, pintar, usando palavras em vez de tintas. Um bom
exercício para levar a criança a vivenciar o texto descritivo e pedir que ela
olhe em volta e escreva ou fale o que está vendo, descrever objetos como, sua
mochila, estojo, etc. Ou que ela conte como é o coleguinha ao lado, (nessa é
bom ter cuidado, pois elas costumam achar defeitos horrorosos). Algumas das
características que marcam o texto descritivo são:
•
presença de substantivo, que identifica o que está sendo descrito.
•
adjetivos e locuções adjetivas.
•
presença de verbos de ligação.
•
há predominância do predicado verbal, devido aos verbos de ligação e aos
adjetivos.
•
emprego de metáforas e comparações, para auxiliar na “visualização” das
características que se deseja descrever.
Essa
é a explicação básica e resumida de “como ensinar texto descritivo para
crianças”. Lembrando que ao descrever seres vivos, as características psicológicas
e comportamentais, também fazem parte da descrição.
Exemplo
I de texto descritivo:
“A árvore é grande, com
tronco grosso e galhos longos”. É cheia de cores, pois tem o marrom, o verde, o
vermelho das flores e até um ninho de passarinhos. O rio espesso com suas águas
barrentas desliza lento por entre pedras polidas pelos ventos e gastas pelo
tempo.
Exemplo
II de texto descritivo:
A
PAISAGEM (escrita por um aluno do 4° ano, baseada na imagem abaixo).
“A
imagem central mostra um lindo dia solarengo de verão, com uma paisagem rural
junto de uma aldeia.
No meio da imagem está uma grande árvore de
folhas verdes e com lindos frutos maduros e cor vermelha. No meio de um enorme campo verde, está um poço
antigo com um muro, telhado vermelho e com uma manivela que puxa um balde
através de uma corda. Entre a árvore e o poço está um caminho de terra, para
utilização dos agricultores.
No cimo de um pequeno monte onde existem
grandes rochas, encontrasse uma gorda ovelha de lã branca.
Mais ao fundo e atrás desse monte vêm-se
uns telhados e casas da aldeia e duas grandes torres de uma linda igreja.
Descendo de umas enormes montanhas, correm
uns grandes rios que irrigam, os verdes campos.
À esquerda da imagem, passando o rio,
vejo umas rochas e ao lado um grande rebanho a pastar, entre um lindo arvoredo.
Toda esta paisagem é calma e muito
sossegada, onde se respira um ar limpo e puro.”
ü Texto
Dissertativo > comentar; opinar; analisar.
Dissertar
é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o
texto dissertativo pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o
texto de apresentação científica, o relatório, o texto didático, o artigo
enciclopédico.
Os
elementos básicos do texto dissertativo são:
Argumentação: dados, informações e conceitos
sustentam um comentário (ponto de vista) sobre o assunto (tema) abordado;
Opinião: ponto de vista, explícito ou implícito, sobre
o assunto abordado.
Ao
contrário do texto narrativo que obedece a uma sequencia temporal, o texto dissertativo
obedece a uma ordem lógica argumentativa.
Em
princípio, o texto dissertativo não está preocupado com a persuasão e sim, com a
transmissão de conhecimento, sendo, portanto, um texto informativo.
Os
textos argumentativos, ao contrário, têm por finalidade principal persuadir o
leitor sobre o ponto de vista do autor a respeito do assunto. Quando o texto,
além de explicar, também persuade o interlocutor e modifica seu comportamento,
temos um texto dissertativo-argumentativo. O texto dissertativo argumentativo
tem uma estrutura convencional, formada por três partes essenciais.
·
Introdução
(1o parágrafo): Apresenta a ideia principal da dissertação, podendo conter uma
citação, uma ou mais perguntas (contanto que sejam respondidas durante o
texto), comparação, pensamento filosófico, afirmação histórica, etc.
·
Desenvolvimento
(2o aos penúltimos parágrafos): Argumentação e desenvolvimento do tema, na qual
o autor dá a sua opinião e tenta persuadir o leitor, sem nunca usar a primeira
pessoa (invés de “eu sei”, use “nós sabemos” ou “se sabe”).
·
Conclusão
(último parágrafo): Resumo do que foi dito no texto e/ou uma proposta de
solução para os problemas nele tratados.
Exemplo
I de texto dissertativo:
Uma
nova ordem
“Nunca foi tão importante no País uma
cruzada pela moralidade. As denúncias que se sucedem os escândalos que se
multiplicam, os casos ilícitos que ocorrem em diversos níveis da administração
pública exibem, de forma veemente, a profunda crise moral por que passa o País.
O povo se afasta cada vez mais dos
políticos, como se estes fossem símbolos de todos os males. As instituições
normativas, que fundamentam o sistema democrático, caem em descrédito. Os
governantes, eleitos pela expressão do voto, também engrossam a caldeira da
descrença e, frágeis, acabam comprometendo seus programas de gestão.
Para complicar, ainda
estamos no meio de uma recessão que tem jogado milhares de trabalhadores na
rua, ampliando os bolsões de insatisfação e amargura.
Não é de estranhar que
parcelas imensas do eleitorado, em protesto contra o que veem e sentem,
procurem manifestar sua posição com o voto nulo, a abstenção ou o voto em
branco. Convenhamos, nenhuma democracia floresce dessa maneira”.
A atitude de inércia e
apatia dos homens que têm responsabilidade pública os condenará ao castigo da
história. É possível fazer-se algo, de imediato, que possa acender uma pequena
chama de esperança.
O Brasil dos grandes
valores, das grandes ideias, da fé e da crença, da esperança e do futuro
necessita urgentemente da ação solidária, tanto das autoridades quanto do
cidadão comum, para instaurar uma nova ordem na ética e na moral.
Exemplo
II de texto dissertativo:
Mobilidade
urbana
ü Texto
injuntivo > comentar; ordenar; instruir.
Texto injuntivo também é chamado de
texto instrucional, prescritivo; normalmente traz orientações para a realização
de uma tarefa.
Normalmente em forma de ordem, apelo,
pedido, súplica, suas marcas mais evidentes são os verbos no imperativo,
o uso de vocativos e a referência direta à segunda pessoa (tu ou você)
Aparece comumente em textos publicitários, horóscopos, manuais de instrução,
bulas de medicação, receitas culinárias, placas de trânsito, textos de autoajuda,
etc.
Exemplo
de texto injuntivo:
CUMPRA SEU DEVER. A DENGUE PODE MATAR
ü Texto
expositivo > explicativo; informativo.
A
característica fundamental do texto expositivo é tratar com clareza e
objetividade a informação. É o texto cujo objetivo principal é informar,
esclarecer, explicar, definir sem o compromisso de julgar. É o texto
científico, pedagógico, jornalístico, por exemplo.
Exemplo
de texto expositivo:
De acordo com Campedelli, (2003) podemos
retomar alguns aspectos ao comparar os textos dissertativos, narrativos e
descritivos:
Texto
dissertativo
|
Texto
narrativo
|
Texto descritivo
|
● Expõe um tema explica,
avalia, classifica, analisa.
● É um tipo de texto argumentativo.
|
●Expõe um fato, relaciona mudanças de
situação, geralmente aponta antes, durante e depois dos acontecimentos.
●
É um tipo de texto sequencial.
|
● Expõe características dos
seres ou coisas, apresenta uma visão.
●
É um tipo de texto figurativo.
|
ü Gêneros
textuais
Gênero
textual refere os textos materializados em situações comunicativas recorrentes.
Os gêneros textuais podem ser textos que encontramos em nossa vida diária e que
apresentam padrões sócio comunicativos característicos definidos por
composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente
realizados na integração de forças históricas, sociais institucionais e
técnicas. Em contraposição aos tipos, os gêneros são entidades empíricas em
situações comunicativas e expressam em designações diversas constituindo em
princípios entidades abertas. (MARCUSCHI, 2008).
Sucintamente os gêneros de texto são as estruturas com que se
compõe os textos, sejam eles orais ou escritos. Essas estruturas são
socialmente reconhecidas, pois se mantêm sempre muito parecidas, com
características mais comuns, procuram atingir intenções comunicativas
semelhantes e ocorrem em situações específicas.
Referem-se às diferentes formas de expressão textual. Nos estudos
da Literatura,
temos, por exemplo, poemas, crônicas, contos, prosa, etc. Exemplos:
romance, conto, artigo de opinião, receita culinária, lista de compras, carta,
telefonema, aula expositiva, debate, reunião de condomínio, e-mail, relato de
viagem, lenda, fábula, biografia, seminário, piada, relatório científico,
bilhete, sermão, reportagem, entrevista, explicação, adivinha, conto de fadas,
notícia, diário, resenha, regulamento, currículo, verbete, palestra, edital,
manual de instruções, bula de remédio, redação técnica, carta comercial,
romance histórico, ensaio, editorial, discurso, redação oficial, narrativa de
enigma, texto prescritivo.
Quadro explicativos
de gêneros orais e escritos
Domínios sociais de comunicação
|
Aspectos tipológicos
|
Capacidade de linguagem dominante
|
Exemplo de gêneros orais e escritos
|
Cultura
Literária Ficcional
|
Narrar
|
Detalhes
de ação através domínio do verossímil.
|
Conto
de Fadas, fábula, lenda, narrativa de aventura, narrativa de ficção
cientifica, narrativa de enigma, narrativa mítica, história engraçada,
biografia romanceada, romance, romance histórico, novela fantástica, conto,
crônica literária, adivinha, piada
|
Documentação
e memorização das ações humanas
|
Relatar
|
Representação
pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo.
|
Relato
de experiência vivida, relato de viagem, diário íntimo, testemunho, anedota
ou caso, autobiografia, curriculum vitae, notícia, reportagem, crônica
social, crônica esportiva, histórico, relato histórico, ensaio ou perfil
biográfico, biografia.
|
Discussão
de problemas sociais controversos
|
Argumentar
|
Sustentação,
refutação e negociação de tomadas de posição.
|
Textos
de opinião, diálogo argumentativo, carta de leitor, carta de solicitação,
deliberação informal, debate regrado, assembleia, discurso de defesa
(advocacia), discurso de acusação (advocacia), resenha crítica, artigos de
opinião ou assinados, editorial, ensaio.
|
Transmissão
e construção de saberes
|
Expor
|
Apresentação
textual de diferentes formas dos saberes.
|
Texto
expositivo, exposição oral, seminário, conferência, comunicação oral,
palestra, entrevista de especialista, verbete, artigo enciclopédico, texto
explicativo, tomada de notas, resumo de textos expositivos e explicativos,
resenha, relatório científico, relatório oral de experiência.
|
Instruções
e prescrições
|
Descrever
ações
|
Regulação
mútua de comporta.
|
Instruções
de montagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de uso,
comandos diversos, textos prescritivos.
|
Os
gêneros textuais são infinitos e cada um deles possui o seu próprio estilo de
escrita e de estrutura. Desta forma fica mais fácil compreender as diferenças
entre cada um deles e poder classifica-los de acordo com suas características.
Exemplos
de gêneros textuais
ü
Gênero Diário – é escrito em linguagem informal,
sempre consta a data e não há um destinatário específico, geralmente, é para a
própria pessoa que está escrevendo, é um relato dos acontecimentos do dia. O
objetivo desse tipo de texto é guardar as lembranças e em alguns momentos
desabafar. Veja um exemplo:
“Domingo,
14 de junho de 1942
Vou começar a partir do momento em que
ganhei você, quando o vi na mesa, no meio dos meus outros presentes de aniversário.
(Eu estava junto quando você foi comprado, e com isso eu não contava.). Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis
horas, o que não é de espantar; afinal, era meu aniversário. Mas não me deixam
levantar a essa hora; por isso, tive de controlar minha curiosidade até quinze
para as sete. Quando não dava mais para esperar, fui até a sala de jantar, onde
Moortje (minha gatinha) me deu as boas-vindas, esfregando-se em minhas pernas.”
Trecho retirado do livro
“Diário de Anne Frank”.
ü Gênero
Carta
Escrevemos
uma carta pessoal quando queremos nos comunicar com alguém próximo de nós, como
amigos ou familiares.
As
características desse tipo de gênero textual são simples, ou seja, não possuem
muitas regras e estrutura para serem seguidas. Tais quais:
O assunto
é livre, geralmente de ordem íntima, sentimental.
O
tamanho varia entre médio e grande. Quando é pequeno, é considerado bilhete e
não carta.
O tipo
de linguagem acompanhará o grau de intimidade entre remetente e destinatário.
Portanto, cabe ao escritor saber se pode usar termos coloquiais ou mesmo
gírias.
Quanto à
estrutura, a carta pessoal deve seguir a sequência: local e data escritos à
esquerda, vocativo, corpo do texto e por última despedida e assinatura.
Como o
grau de intimidade é variável, o vocativo, por consequência, também varia:
Minha querida, Amado meu, Querido Amigo Fulano, “Fulaninho”, Caro Senhor,
Estimado cliente, etc. A pontuação após o vocativo pode ser vírgula ou
dois-pontos.
Assim
também é em relação à despedida, a qual pode variar entre Atenciosamente,
Cordialmente, etc. até Adeus, Saudades, Até em breve, etc.
Quanto à
assinatura, pode ser desde só o primeiro nome até o apelido, dependendo da
situação.
A carta pessoal geralmente é entregue em mãos
ou enviada pelo correio, pois é manuscrita. Caso o remetente se esqueça de
dizer algo importante e já tenha finalizado a carta, acrescenta-se a abreviação
latina P.S (post scriptum - é originada do verbo latino “post scribere” que
significa “escrever depois”), ou Obs. (observação).
ü Gênero
Reportagem
A reportagem é um gênero de
texto jornalístico que transmite uma informação por meio da televisão, rádio,
revista. O objetivo da reportagem é levar os fatos ao leitor ou
telespectador de maneira abrangente. Se televisionada, a reportagem deve ser
transmitida por um repórter que possui dicção pausada e clara e linguagem
direta, precisa e sem incoerências. Além de saber utilizar a entonação que dá
vida às palavras, uma vez que representam na fala os sinais de pontuação. Se
impressa, a reportagem deve demonstrar capacidade intelectual, criatividade,
sensibilidade quanto aos fatos e uma escrita coerente, que dinamiza a leitura e
a torna fluente. Por essas questões, a subjetividade está mais presente nesse
tipo de reportagem do que no outro, apontado acima. A reportagem faz
investigações, tece comentários, levanta questões, discute, argumenta.
ü Gênero Piada
"Uma piada é um texto narrativo curto de final engraçado e às vezes surpreendente, cujo objetivo é provocar risos ou gargalhadas em quem a ouve ou lê". O senso de humor varia em cada cultura. O que é engraçado para um povo pode não ser para outro.
Exemplo de piada:
ERRO DE EMAIL
“ Um casal decide passar férias numa praia do Caribe, no mesmo hotel onde passou a lua de mel 20 anos antes.
Por causa do trabalho, a mulher não pode viajar com o marido. Deixa para ir alguns dias depois. Quando o homem chega ao seu quarto do hotel, vê que há um computador com acesso à internet. Decide então enviar um e-mail à mulher, mas erra uma letra sem perceber e o envia a outro endereço.
O e-mail é recebido por uma viúva que acabara de chegar do enterro do marido. Ao conferir seus e-mails, ela desmaia instantaneamente. O filho, ao entrar em casa, encontra a mãe caída perto do computador. Na tela está escrito:
Querida esposa,
Cheguei bem, provavelmente você se surpreenda ao receber noticias minhas por e-mail. Mas agora tem computador aqui e pode-se enviar mensagens às pessoas queridas. Acabo de chegar e já me certifiquei de que esta tudo preparado para você vir na sexta-feira que vem. E espero que a sua viajem seja tão tranquila como está sendo a minha.
SÓ UM DETALHE: Não traga muita roupa, Aqui faz um calor infernal.”
“ Um casal decide passar férias numa praia do Caribe, no mesmo hotel onde passou a lua de mel 20 anos antes.
Por causa do trabalho, a mulher não pode viajar com o marido. Deixa para ir alguns dias depois. Quando o homem chega ao seu quarto do hotel, vê que há um computador com acesso à internet. Decide então enviar um e-mail à mulher, mas erra uma letra sem perceber e o envia a outro endereço.
O e-mail é recebido por uma viúva que acabara de chegar do enterro do marido. Ao conferir seus e-mails, ela desmaia instantaneamente. O filho, ao entrar em casa, encontra a mãe caída perto do computador. Na tela está escrito:
Querida esposa,
Cheguei bem, provavelmente você se surpreenda ao receber noticias minhas por e-mail. Mas agora tem computador aqui e pode-se enviar mensagens às pessoas queridas. Acabo de chegar e já me certifiquei de que esta tudo preparado para você vir na sexta-feira que vem. E espero que a sua viajem seja tão tranquila como está sendo a minha.
SÓ UM DETALHE: Não traga muita roupa, Aqui faz um calor infernal.”
ü
Gênero Receita culinária
A
receita é um gênero textual que apresenta duas partes bem definidas -
ingredientes e modo de fazer -, que podem não vir indicadas por títulos. A
primeira parte apenas relaciona os ingredientes, estipulando as quantidades
necessárias indicadas por títulos. A primeira arte apenas relaciona os
ingredientes, estipulando as quantidades necessárias, indicadas em gramas,
xícaras, colheres pitadas, etc.
No modo
de fazer, os verbos se apresentam quase sempre no modo imperativo (o modo
verbal que expressa ordem, conselho, etc.), pois essa parte indica, passo a
passo, a sequencia dos procedimentos e d junção dos ingredientes a ser seguida
para se obter o melhor resultado da receita – no caso, pasteis de forno
recheadas de goiaba. Às vezes, o imperativo é substituído pelo infinitivo, como
por exemplo, “Preparara massa: misturar com as pontas dos dedos [...]”, “Aos poucos, abrir pequenas porções da massa
[...]”, etc.
Uma
receita pode apresentar outras informações, como grau de dificuldade, tempo
médio de preparo, rendimento, calorias, etc. pode, ainda, conter dicas para
decoração ou para variações.
Nesse
gênero textual costuma-se empregar uma linguagem direta, clara e objetiva, pois
sua finalidade é levar o leitor ou cozinheiro obter sucesso no preparo de prato
culinário.
Características
da receita: Contém título, normalmente apresenta uma estrutura constituída de:
titulo, ingredientes e modo de preparo ou de fazer, no modo de fazer, os verbos
geralmente são empregados no imperativo, pode conter indicação de calorias por
porção, rendimento, dicas de preparo ou de como decorar e servir, etc., a
linguagem direta, claro e objetivo e emprega o padrão culto da língua.
Exemplo de receita:
ü HQ
- Historia em quadrinhos
História em quadrinhos (HQ) é uma
narrativa visual que, normalmente, expressa a língua oral e apresenta um enredo
rápido, empregando somente imagem ou associando palavra e imagem.
As histórias em quadrinhos podem ou
não ter humor como efeito de sentido, e podem ser definidas como arte
sequencial, pois são desenhos em sequência que narram uma história.
Na arte sequencial, a comunicação
se faz por intermédio de imagens que o emissor e o receptor identificam. Para
“ler” uma HQ, é preciso interpretar imagens, relacionar estas com as palavras e
perceber relações de causa e efeito.
Os quadrinhos estão por toda a
parte. Servem para entreter, mas podem veicular uma mensagem instrucional –
podem ser usados para uma campanha de economia de água, para alertar sobre
riscos de doenças ou para transmitir informativos de trânsito, por exemplo.
A HQ em geral envolve várias
técnicas narrativas através dos dois canais: imagem e texto escrito. Para
compreender a mensagem, o leitor precisa relacionar os elementos de imagem
(icônicos) com os de texto (linguísticos).
O diálogo na HQ é apresentado na
forma direta; no entanto, não é transcrito do mesmo modo que, por exemplo, o
diálogo em contos ou peças teatrais. As falas são indicadas, em geral, por meio
de balões, estabelecendo-se uma comunicação mais imediata entre os personagens
e o leitor, já que o texto é incorporado à imagem.
Conheçamos alguns elementos das
histórias em quadrinhos:
Localização dos balões:
indica a ordem em que se sucedem as falas (de cima para baixo, da esquerda para
a direita).
Contorno dos balões: varia
conforme o desenhista; no entanto, alguns são comuns, como os que apresentam
linha contínua (fala pronunciada em tom normal); linhas interrompidas (fala
sussurrada); ziguezague (um grito, uma fala de personagem falando alto, ou som
de rádio ou televisão); em forma de nuvem (pensamento). Há ainda casos em que a
fala de uma determinada personagem pode aparecer sem contorno de balão, cuja fala
ocupando uma boa parte do quadrinho, o que reforça que esta personagem está
irritada e gritando.
Sinais de pontuação: reforçam
sentimentos e dão maior expressividade à voz do personagem.
Onomatopeias: conferem movimento à
história, imitando sons do ambiente (crash para uma batida, ou buuuum para uma
explosão, por exemplo) ou produzidos por pessoas e animais (zzzz, para sono,
rrrrrr, para o rosnado de um cão, etc).
Para se produzir histórias em
quadrinhos, o quadrinista (que pode ser você) precisa, além de realizá-la
dentro de um determinado contexto em que a história acontece e de ter
habilidade para produzir desenhos, conhecer também os recursos gráficos que
indicam em que circunstâncias as personagens efetuam suas falas (num diálogo,
com raiva, à distância, com agressividade, com paixão, etc).
Para isso, apresento alguns recursos gráficos a que me refiro: os
balões:
Exemplo
de historia em quadrinhos.
ü Tirinha
A
tira de jornal ou tirinha, como é mais conhecida, é um gênero textual que
surgiu nos Estados Unidos devido à falta de espaço nos jornais para a
publicação passatempos. O nome "tirinha" remete ao formato do texto,
que parece um "recorte" de jornal. Um dos pioneiros na criação da
tira foi o americano Bud Fisher, autor da tira Mutt e Jeff:
A princípio, as tiras tinham uma diagramação
padrão de 30 cm de largura por 10 cm de altura. Porém, com o tempo, muitos
desenhistas ousaram bastante e produziram tiras muito criativas com diagramação
diversificada. É comum encontrarmos tiras na vertical, bem como com um número
de quadros superior a seis (6), ou mesmo desalinhadas.
Este gênero textual apresenta geralmente uma
temática humorística, contudo não raro encontramos tirinhas satíricas, de cunho
social ou político e metafísicas.
É
comum as tiras centrarem-se em um personagem principal, que estabelece relação
com outros personagens "menores", e que representa uma época remota,
um país, um estereótipo de alguma cultura etc.
A
tirinha tem seu espaço garantido nos jornais, em revistas, nos livros didáticos
e atualmente tem alcançado grande destaque nas chamadas Redes Sociais, além de
blogs especializados neste gênero. É objeto de estudo nos cursos de graduação e
pós-graduação, não sendo difícil encontrarmos artigos e outras publicações
destinados à utilização deste gênero textual na sala de aula em diversas áreas
do conhecimento.
ü
O Gênero Fábula
As
fábulas são pequenas histórias que transmitem uma lição de moral é uma das mais
antigas formas de narrativa. As personagens das fábulas são geralmente animais,
que representam tipos humanos, como o egoísta, o ingênuo, o espertalhão, o
vaidoso, o mentiroso, etc.
Muitos
escritores dedicaram-se às fábulas, mas três ficaram mundialmente famosos: o
grego Esopo (século VI a.C.), o latino Fedro (15 a.C. - 50 d.C.) e o francês
Jean de La Fontaine (1621 - 1695).
No
Brasil, Monteiro Lobato (século XX) foi quem as recriou. Millôr Fernandes é um
escritor carioca que recriou as antigas fábulas de Esopo e La Fontaine, de
forma satírica e engraçada.
A
fábula se divide em 2 partes:
1ª parte - a história (o que
aconteceu)
2ª parte - a moral (o
significado da história)
Exemplo
de fábula:
O lobo velho, de Monteiro Lobato.
Adoecera o lobo e, como não
pudesse caçar, curtia na cama de palha a maior fome de sua vida. Foi quando lhe
apareceu a raposa.
- Bem-vinda seja, comadre! É
o céu que a manda aqui. Estou morrendo de fome e se alguém não me socorre,
adeus, lobo!...
- Pois espere aí que já
arranjo uma rica petisqueira - respondeu a raposa com uma idéia na cabeça.
Saiu e foi para a montanha
onde costumavam pastar as ovelhas. Encontrou logo uma, desgarrada.
- Viva anjinho! Que faz por
aqui, tão inquieta? Está a tremer...
- É que me perdi e tremo de
medo do lobo.
- Medo do lobo? Que bobagem!
Pois ignora que o lobo já fez as pazes com o rebanho?
- Que me diz?
- A verdade, filha. Venho da
casa dele, onde conversamos muito tempo. O pobre lobo está na agonia e
arrependido da guerra que moveu às ovelhas. Pediu-me que dissesse isto a vocês
e as levasse lá, todas a fim de selarem um pacto de reconciliação.
A ingênua ovelhinha pulou de
alegria. Que sossego dali por diante, para ela e as demais companheiras! Que
bom viver assim, sem o terror do lobo no coração!
Enternecida disse:
- Pois vou eu mesma selar o
acordo.
Partiram. A raposa, à
frente, conduziu-a à toca da fera. Entraram. Ao da com o lobo estirado no
catre, a ovelhinha por um triz que não desmaiou de medo.
- Vamos - disse a raposa -,
beije a pata do magnânimo senhor! Abrace-o, menina!
A inocente, vencendo o medo,
dirigiu-se para o lobo e abraçou-o. E foi-se a ovelha!...
MORAL: "Muito padecem os bons que julgam os outros por
si."
ü
Gênero textual poesia/poema
Origina-se
da palavra grega “poieses”, que significa “ação de fazer algo”. A palavra POEMA
origina-se da palavra grega “poiema”, significa “o que faz”. A poesia é um
gênero textual norteado por características específicas, cuja finalidade
discursiva se pauta pelo provocar de sentimentos e emoções. O poema, por sua
vez, é a concretização da poesia feita pelo poeta que a manifesta por meio de
palavras de efeitos sugestivos e simbólicos, sonoridade, musicalidade, ritmo,
versos e estrofes.
Versificação é o estudo da disposição
das palavras e frases em versos. Verso é cada linha do poema. Exemplo de poema
com 04 (quatro) versos:
“Quem é esse viajante} VERSO
Quem é esse menestrel
Que espalha esperança
E transforma sal em mel?”
(Milton Nascimento)
Dentro
do verso temos o estudo da métrica que é a contagem de sílabas poéticas do
verso. Ela é feita a partir de emissões sonoras. As sílabas que aparecem depois
da última sílaba tônica são pronunciadas fracamente, por isso não são contadas.
Elas podem ser:
* Monossílabo – versos com
uma sílaba.
* Dissílabos – versos com 2
(duas) sílabas.
* Trissílabos – versos
constituídos com 3 (três) sílabas.
* Tetrassílabos – versos
constituídos com 4 (quatro) sílabas.
* Pentassílabos – versos com
uma estrutura de 5 (cinco) sílabas ou chamado de redondilhamenor.
* Hexassílabos – versos
estruturados com 6 (seis) sílabas.
* Heptassílabos – versos
constituídos de 7 (sete) sílabas ou chamado de redondilha maior.
* Octossílabos – versos
constituídos com 8 (oito) sílabas.* Decassílabos – versos estruturados em 10
(dez) sílabas.
* Hendecassílabos – versos
com 11 (onze) sílabas.
* Dodecassílabos – versos
constituídos em 12 (doze) sílabas ou chamado de alexandrino.* Verso bárbaro –
versos com mais de 12 (doze) sílabas.
Exemplos:
“ÉS/A/CLA/VE/DO/SOL,/ÉS/A/CHA/VE/DA/SOM/BRA = verso Dodecassílabo Dor/meo/teu/so/no/so/sse/ga/doe/pu/ro =
verso Decassílabo
Estrofe
é o conjunto de vários versos. Classificam-se em:
* Monóstico – só um único
verso.
* Dístico – dois versos.
* Terceto – três versos.
* Quadra – quatro versos.
* Quintilha – cinco versos.
* Sextilha – seis versos.
* Septilha – sete versos.
* Oitava – oito versos.
* Nona – nove versos.
* Décima – dez versos.
Exemplo de poesia com duas
estrofes:
“Terra é sem vida, e nada
Vive mais que o coração...
E envolve-te a terra fria
E a minha saudade não!
Tenho saudade de ver-te
Mas não sei como acertar.
Passeias onde não ando,
Andas sem eu te encontrar.”
(Fernando Pessoa)
Ritmo é a sequencia regular e
modulada de sons nas palavras, nas frases, nos versos de um texto poético. A
rima e a métrica contribuem para a obtenção do ritmo, assim como o jogo de
sílabas tônicas e átonas, a semelhança de fonemas vocálicos e consonantais.
Rima é a identidade ou
semelhança de sons entre duas palavras. Classificação da rima quanto ao seu
valor:
* Toante – repetição de sons
vocálicos.
* Aliterante – repetição de
sons consonantais.
* Consoante – repetição de
todas as letras e sons.
* Aguda – rimas de palavras
oxítonas.
* Esdrúxula – rimas de
palavras paroxítonas.
* Ricas – rimas de palavras
raras.
* Pobres – rimas de palavras
comuns.
Classificação da rima quanto
as suas combinações:
* Emparelhada– ocorrem de
duas em duas (AABB)
Exemplo:
Não tenho medo de bamba, (A)
Na roda de samba (A)
Eu sou bacharel (B)
Sou bacharel (B)
(Noel
Rosa)
* Alternadas – ocorrem de
forma alternada (ABAB)
O que tu achas da paixão,
(A)
É tão somente curiosidade.
(B)
E os teus desejos ferventes
vão (A)
Batendo as asas na
irrealidade (B)
(Manuel Bandeira)
* Interpoladas – ocorrem de
forma opostas (ABBA)
Amor é um fogo que arde sem
se ver, (A)
É ferida que dói, e não se
sente; (B)
É um contentamento
descontente (B)
É dor que desatina sem doer.
(A)
(Luís de Camões)
* Mistas – tudo embaralhado (ABACDCD)
Meninas de bicicleta (A)
Que fagueiras pedalais (B)
Quero ser vosso poeta! (A)
Ó transitórias estátuas (C)
Esfuziantes de azul (D)
Louras com peles mulatas (C)
Princesas da zona sul (D)
BELTRÃO, Eliana Lúcia Santos.
Diálogo: língua portuguesa. 8º e 9º ano. Ed. Renovada – SãoPaulo: FTD, 2009
(Coleção Diálogo).http://www.infoescola.com/literatura/versos-rimas-estrofes/,
em 24/05/2013.
Diferenças entre a poesia, o poema e o
soneto.
Muitas
pessoas confundem o poema com a poesia, assim como não conhecem as
características de um soneto. Entender as diferenças é importante até para que
você possa apreciar melhor a arte das palavras. Observe:
Poema: é
um gênero
textual que utiliza as palavras como matéria-prima,
organizando-as em versos, estrofes ou prosa, ou seja, apresenta uma estrutura
que permite defini-lo como gênero. A palavra poema é derivada do verbo
grego “poein”, que significa
“fazer, criar, compor”. No Brasil existem vários e várias poetas, entre eles o
poeta Mario
Quintana, cujo poema abaixo é um belo exemplo desse gênero
encantador!
Canção do dia de sempre
Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
Mario Quintana
Soneto: O soneto é
um tipo de poema que possui forma fixa, ou seja, apresenta-se sempre com a
mesma estrutura: quatro estrofes, sendo dois quartetos (quatro versos cada
estrofe) e dois tercetos (três versos cada estrofe). Escrever um soneto é
tarefa para os grandes poetas, mesmo porque, além da forma fixa, é preciso
muito talento para construir todos os versos com dez sílabas poéticas, os
chamados versos decassílabos. Leia abaixo o belo soneto de um de nossos maiores
sonetistas brasileiros, o poeta Vinicius
de Moraes:
Soneto do Amor Total
Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vinicius
de Moraes
Poesia: é
um conceito mais amplo do que o poema e o soneto. Muitas pessoas acham que a
poesia é um gênero textual, mas, na verdade, ela não está necessariamente
relacionada à palavra escrita. Um belo quadro, por exemplo, pode estar repleto
de poesia, assim como uma escultura, um filme, uma música e até mesmo uma bela
paisagem, como o nascer ou o pôr do sol. Portanto, a poesia é uma definição
mais abrangente e contempla diversas manifestações artísticas e formas de
expressão.
Woman with a Parasol, ou Mulher com guarda-sol, do pintor francês Claude Monet, um dos mais célebres pintores impressionistas do mundo.
ü
Gênero textual conto
O
conto é uma obra de ficção. Cria um universo de seres e acontecimentos de
ficção, de fantasia ou imaginação. O conto apresenta um narrador, personagens e
enredo.
Classicamente,
diz-se que o conto se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela
ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma história e tem
apenas um clímax. Num romance, a trama desdobra-se em conflitos secundários, o
que não acontece com o conto. O conto é conciso.
Algumas
características:
-
É uma narrativa linear e curta, tanto em extensão quanto no tempo em que se
passa.
-
A linguagem é simples e direta, não se utiliza de muitas figuras de linguagem
ou de expressões com pluralidade de sentidos.
-
Todas as ações se encaminham diretamente para o desfecho.
-
Envolve poucas personagens, e, as que existem se movimentam em torno de uma
única ação.
-
As ações se passam em um só espaço, constituem um só eixo temático e um só
conflito.
Focos
narrativos:
Primeira pessoa: Personagem principal conta
sua história; este narrador limita-se ao saber de si próprio, fala de sua
própria vivência.
Terceira pessoa: O texto é narrado em 3ª
pessoa e neste caso podemos ter:
a)
narrador observador: o narrador limita-se a descrever o que está acontecendo,
"falando" do exterior, não nos colocando dentro da cabeça da
personagem; assim não sabemos suas emoções, ideias, pensamentos; o narrador
apenas descreve o que vê, no mais, especula;
b)
narrador onisciente: conta a história; o narrador tudo sabe sobre a vida das
personagens, sobre seus destinos, ideias, pensamentos; como se narrasse de
dentro da cabeça delas.
O
conto pode apresentar-se em discurso:
· Direto: (discurso direto) as personagens
conversam entre si; usam-se os travessões. Além de ser o mais conhecido é,
também, predominante no conto.
Exemplo:
(...)
Depois
da sobremesa, boca pedindo água depois de tanto doce caseiro, o velho
Arquimedes disse: — Ocês tão bebendo tanta água, sem nojo...
—
Bisavô, era brincadeira!
—
Eu também fiz uma brincadeira: durante todo esse tempo que fiquei banguela,
minha dentadura ficou de molho, dentro do filtro!
O Bisavô e a Dentadura.
Sylvia Orthof.
Indireto:
(discurso indireto) quando o escritor resume a fala da personagem em forma
narrativa, sem destacá-la. Ele conta como aconteceu o diálogo, quase que
reproduzindo-o. Exemplo:
“Dois
ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a
boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco,
sugeriu que devia sofrer de ataque.
(...)
A
velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo.”
Uma
vela para Dario. Dalton Trevisan
Indireto
livre (discurso indireto livre) é a fusão entre autor e personagem (primeira e
terceira pessoa da narrativa); o narrador narra, mas no meio da narrativa
surgem diálogos indiretos da personagem como que complementando o que disse o
narrador.
Dicas
para escrever um conto:
Evite
ser prolixo. Economize na quantidade de personagens, nas descrições, na
complicação da trama. Evite os rebuscamentos, adjetivações e clichês. Cuidado
com a repetição de palavras.
Use a ironia e o humor fino, quando possível.
Se
o conto é dramático, tome cuidado com o exagero e a pieguice (sentimentalidade
excessiva).
Seja
verossímil. Evite contradições no comportamento de seus personagens e no
desenvolvimento da história. Lembre-se, no entanto, que a verossimilhança não
significa prender-se à realidade.
Leia:
Uma
vela para Dario
Dalton Trevisan
Dario
vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina,
diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela
escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra
o cachimbo.
Dois
ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a
boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco,
sugeriu que devia sofrer de ataque.
Ele
reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha
apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem
respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe
retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da
boca.
Cada
pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os
moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram
despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario
sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o
guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
A
velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou
para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista:
quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de
volta e recostado à parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na
gravata.
Alguém
informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a
farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na
porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um
gesto para espantá-las.
Ocupado
o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo
e bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no
degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.
Um
terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos
- de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome,
idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.
Registrou-se
correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e
as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas
tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.
O
guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios.
Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia
destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.
A
última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar.
Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim.
Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.
Um
senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as
suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha
desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café
ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os
cotovelos.
Um
menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver.
Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.
Fecharam-se
uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão.
A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha
queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a
cair.
Texto extraído do livro
"Vinte Contos Menores", Editora Record. Rio de Janeiro, 1979, pág.
20. Este texto faz parte dos 100 melhores contos brasileiros do século, seleção
de Ítalo Moriconi para a Editora Objetiva.
ü
Gênero textual relato
Ao narrar um acontecimento, produz-se
inevitavelmente um relato, seja escrito ou oral. Sua principal função é tornar
conhecida uma ação ou sequência de ações já ocorridas, sendo, portanto, no
campo da escrita, um texto primordialmente narrativo. Quando se conta como foi
um acidente, de que forma um jogador fez um gol ou como um crime ocorreu, por
exemplo, estão sendo produzidos relatos.
Esse
tipo de texto costumeiramente insere-se em outros. Notícias, notas
informativas, biografias, diários, blogs, relatórios e textos que tratam sobre
a História são essencialmente constituídos de relatos. Até os Boletins de
Ocorrência o são. Sem eles, as reportagens não poderiam ser escritas, e muitas
entrevistas não teriam um bom motivo para ser realizadas. A maior parte das
cartas pessoais praticamente não existiriam. Logo, conclui-se que, embora sejam
de simples estrutura, os relatos são talvez o tipo de texto mais comum no
cotidiano. Eles não pressupõem histórias com conflito, tampouco com
contextualizações e descrições muito elaboradas, basta que sejam narradas as
ações de uma ou mais personagens, reais ou não.
Algumas vezes a Narração é confundida com Relato, pois em grande parte
ela é formada por relatos, contudo na Narração espera-se algo mais:
desenvolvimento de um conflito, clímax e desfecho.
O
Relato possui um título simples, cujo objetivo é a mera identificação sobre o
que ele trata, por exemplo: Relato de um carteiro; Relato sobre um roubo.
Quanto às demais partes da estrutura, não há segredos, o Relato pode ter um ou
mais parágrafos, dependendo de sua função. No caso de um exame vestibular, sua
extensão dependerá exclusivamente do espaço fornecido pela prova.
Leia os relatos a seguir e observe a
diferença entre os temas:
RELATO I - John Napier
John
Napier era um proprietário escocês, Barão de Murchiston, que administrava suas
grandes propriedades e escrevia sobre vários assuntos. Ele só se interessava
por alguns aspectos da matemática, particularmente os que se referiam à
computação e à trigonometria. Napier conta que trabalhou em sua invenção dos
logaritmos durante vinte anos antes de publicar seus resultados em 1614. Napier
começou a reduzir operações tediosas de multiplicação a operações mais simples
de adição através da correspondência entre progressões aritméticas e
geométricas.
A
publicação, em 1614, do sistema de logaritmos de Napier teve sucesso imediato.
Entre seus admiradores mais entusiásticos estava o inglês Henry Briggs, grande
professor de geometria em Oxford. Em 1615, ele visitou Napier em sua casa, na
Escócia, e lá eles discutiram possíveis modificações nos métodos dos
logaritmos. Briggs propôs o uso de potências de 10. Napier concordou. Morreu em
1617 e, em 1624, Briggs publicou a "Arithmetica Logarithimica", uma
tabela com os logaritmos comuns.
http://www.grupoescolar.com/materia/john_napier_(1550_-_1617).html
RELATO
II
(POST DE UMA PÁGINA DE INTERNET)
No
dia do terremoto, os funcionários do hotel onde eu me refugiava colocaram uma
TV no saguão para a gente assistir. Pessoas que estavam dormindo no chão reuniram-se
em torno do aparelho e eu também fui atrás, rastejando para fora do cobertor
embaixo do qual estava bem agasalhada. Sete horas após o abalo às 14h46 - esta
era a primeira vez que entrava em contato com notícias reais sobre o terremoto.
Imagens
inacreditáveis apareciam na tela. Cidades foram arrastadas pelo tsunami,
literalmente, dentro de um instante. As pessoas assistiam à televisão sem dizer
uma palavra sequer. Todas permaneciam em silêncio enquanto olhavam para a tela.
Alguns que não puderam aguentar mais começaram a desviar o olhar.
Enquanto
eu via cidades inteiras sendo engolidas pelo tsunami na televisão, lembrei-me
do terremoto de Kobe, em 1995. Eu também estava assistindo à televisão na
época. Quando o terremoto atingiu Kobe, pela manhã, eu estava em Tóquio.
Durante todo o dia, enquanto estava no trabalho, tentei contato com minha
família na região de Kansai, onde o terremoto aconteceu, mas não consegui falar
com ninguém.
Temendo
que tivesse ficado sozinha no mundo, fiquei olhando as imagens dos incêndios na
televisão à noite toda. “Por que os caminhões dos bombeiros não estão aqui
quando os carros da televisão estão?”, indagou uma senhora que só podia ver a
cidade se transformar em cinzas, sem poder fazer nada para parar os incêndios.
Foi doloroso de assistir.
Foi
o mesmo com o tsunami desta vez: não foi o terremoto, mas os incêndios e o
tsunami, tudo o que vem depois que o terremoto destrói de fato as cidades. As
câmeras capturam imagens quando aconteceram, mas ninguém pode fazer nada sobre
isso. Em questão de momentos, inúmeras pessoas perderam a vida enquanto tudo
era documentado em vídeos.
http://pt.globalvoicesonline.org/2011/03/15/japao-terremoto-testemunho/
Além
dos gêneros textuais citados existem diferentes outros gêneros como: telefonema,
sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, aula expositiva,
reunião de condomínio, noticia jornalística, bula de remédio, lista de compras,
cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito policial,
resenha, edital de concurso, piada, conversão espontânea, conferencia, carta
eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante.
ü Critérios
básicos e imprescindíveis para uma boa produção textual: Coerência e coesão.
Para que um texto
fique claro, objetivo e interessante, ele precisa realçar beleza, para que sua
estética seja vista de maneira plausível.
Fazendo parte dessa estética estão os elementos que participam da construção textual; entre eles, a coesão e a coerência.
Fazendo parte dessa estética estão os elementos que participam da construção textual; entre eles, a coesão e a coerência.
Coerência e coesão textuais são dois conceitos
importantes para uma melhor compreensão do texto e para a melhor escrita de trabalhos de
redação de qualquer área.
A coesão trata basicamente das
articulações gramaticais existentes entre as palavras, as orações e frases para
garantir uma boa sequenciação de eventos. A coerência, por sua vez, aborda
a relação lógica entre ideias, situações ou acontecimentos, apoiando-se, por
vezes, em mecanismos formais, de natureza gramatical ou lexical e no conhecimento
compartilhado entre os usuários da língua.
Definição específica:
Coesão: é a conexão que liga elementos no texto
(palavras, orações, períodos, parágrafos), que cria harmonia entre os elementos
de um texto.
A coesão nada
mais é que a ligação harmoniosa entre os parágrafos, fazendo com
que fiquem ajustados entre si, mantendo uma relação de significância. Para
melhor entender como isso se processa, imagine um texto sobrecarregado de
palavras que se repetem do início ao fim. Então, para evitar que isso aconteça,
existem termos que substituem a ideia apresentada, evitando, assim, a
repetição. Falamos das conjunções, dos pronomes, dos advérbios e outros.
Exemplo: A magia das palavras é enorme, pois
elas expressam a força do pensamento. As mesmas têm o poder de transformar e de
conscientizar (neste exemplo, o pronome mesmas, que substitui o
substantivo palavras do primeiro período, funciona como
elemento de coesão).
Coerência: é a propriedade do texto que permite que se
construa sentido a partir dele, estabelecendo relação entre suas partes e entre
o próprio texto e a situação de sua ocorrência. Um mesmo texto pode parecer
coerente (interpretável) para um leitor/ouvinte e não para outro.
Quando falamos sobre coerência, nos referimos à lógica interna de um texto,
isto é, o assunto abordado tem que se manter intacto, sem que haja distorções,
facilitando, assim, o entendimento da mensagem. Estes são apenas alguns dos
requisitos para a elaboração de um texto, e estas técnicas vão sendo
apreendidas à medida que nos tornamos escritores assíduos.
Exemplo: Aquele garoto não gosta de futebol e,
portanto, fica chamando seus amigos para jogar (incoerência, porque quem
não gosta de um esporte evita praticá-lo). Fanático por futebol, o pai de João obriga o
filho a jogar. Mas aquele garoto não gosta de futebol e, portanto,
fica chamando seus amigos para jogar. Assim, ele pode ficar a um
canto enquanto os amigos jogam, e a algazarra que fazem dá ao pai a falsa
impressão de que o filho está se divertindo (coerência restabelecida
por acréscimo de informações).
POR VALÉRIA LIMA
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Irandré, 1937 – analise de textos: fundamentos e praticas,
São Paulo: Parábola editorial, 2010.
BUENO,
Silveira. Dicionário da língua
portuguesa. Didática Paulista, São Paulo, 1999;
CABRAL, Ana Lucia Tinoco. A força das
palavras: dizer e argumentar. – São Paulo: Contexto, 2010.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff e SOUZA,
Hésus Barbosa. Produção de textos e usos
da linguagem: curso de redação. – 2ª. ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
CITELLI, Adilson. O texto Argumentativo
– São Paulo 1ª edição, 2003 – editora Spicione.
EMEDIATO, Wander. A Fórmula do Texto: redação e argumentação, e leitura. São Paulo: Geração
Editorial, 2008.
FERRAREZI JUNIOR, Celso. Guia do trabalho científico: do projeto à
redação final: monografia, dissertação e teses. 1ª ed. 1ª Reimpressão.- São
Paulo: Contexto, 2010.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto,
1997.
_____________________________.Introdução à Linguística Textual. São
Paulo: Martins Fontes, 2011.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça
e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência
textual,12. ed. Contexto,São Paulo: 2001.
KOCH, Ingedore
Grunfeld Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler
e compreender: os sentidos de um texto 2.ed.,
2 reimpressão.- São Paulo:Contexto 2008
LAKATOS, Maria Eva e MARCONI,
Maria de Andrade. Metodologia Do Trabalho Cientifico. 4º ed. Atlas, São
Paula 1992.
MARCONI, Marina de Andrade e LAKATOS,
Eva Maria. Metodologia do trabalho
científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório,
publicações e trabalhos científicos. 6ª. ed. - São Paulo: Atlas, 2001.
MARCUSCHI. Gêneros Textuais e Ensino.
São Paulo, Ática, , 2007
MARCUSCHI, Luiz Antônio. produção textual, analise de gêneros e
compreensão ensino. São Paulo,
Parábola Editorial, 2008.
MATIAS-PEREIRA, José. Manual de metodologia da pesquisa
científica.
2ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
PLATÂO, Francisco e FIORIN, José Luiz. Lições de Texto - leitura e redação.
São Paulo, ed. Ática, 2006.
___________________________________.
Para Entender o Texto – leitura e redação. São Paulo, ed. Ática,
2007.
SAUTCHUK, Inez. Perca o medo de
escrever: da frase ao texto/ Inez Sautchuk. – São Paulo: Saraiva, 2011.
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em
administração. 5º edição. Atlas, São Paulo:2005.
SITES
CONSULTADOS
Disponível em:<
http://sosmonografia.blogspot.com.br/2009/02/termos-para-ajudar-na-ligacao-entre.html>, Acesso em: 29.09.2013
GOMES, Sérgio
(2001).Disponível em: <http://www.institutodimensao.com.br/prevestibular/arquivo_download/ab56a213dad8a96d149ad8984be9bf52.pdf>.
Acesso em: 31.07.2013
NERY, Alfredina.
Especial para a Página 3 Pedagogia e Comunicação. Disponível em:<http://www.algosobre.com.br/redacao/texto-dissertativo-argumentativo.html>. Acesso em 30.09.2013
NERY, Alfredina.
Especial para a Página 3 Pedagogia e Comunicação. Disponível em: < http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/texto-voce-sabe-qual-o-conceito.htm>. Acesso em: 31/07/2013
Assinar:
Postagens (Atom)