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sábado, 19 de novembro de 2016

Dicas de hoje!







Fonte: https://www.google.com.br/searchq=dicas+de+portugu%C3%AAs&tbm=isch&tbs=rimg:CYP3OnY3kui0IjjAUhKm95D9J4J0MIcykklxv08JiDVvBG3dNoAYbIKVCYtlR3omGwnGNdODvRMhQfXCjir4gjmSoSCcBSEqb3kP0nEdDKIqZkBeFiKhIJgnQwhzKSSXERi1E9AUY3ss8qEgm_1TwmINW8EbRGACKhXD4rqSoSCd02gBhsgpUJEQPB4P_10MfzlKhIJi2VHeiYbCcYRrTxO0jiycL0qEgk104O9EyFD7xFXm8a1tpiwSCoSCZ9cKOKviCOZEabQhnOikISj&tbo=u#imgrc=aykE5F2dAkkxGM%3A

O que são verbos abundantes?

 Verbos  abundantes são aqueles que têm duas ou  mais  formas equivalentes, ainda que uma delas aos poucos deixe de ser empregada. É o caso do  verbo  haver em suas formas havemos/hemos, em que a segunda é pouco utilizada. Na portuguesa, os exemplos mais  numerosos de abundância se dão  no particípio.
 Os particípios da língua portuguesa podem  apresentar duas formas: uma regular (terminada em -ado/-ido) e uma irregular (como em feitosalvo). Os particípios regulares são  usados na  voz ativa, com os   verbos  auxiliares  ter  e haver.
Os particípios irregulares são usados  na voz passiva, com os verbos auxiliares ser, estar ficar.
Os políticos foram  eleitos pelo  povo.
As apostilas foram  impressas  na gráfica.
      Na norma culta,  chegar apresenta apenas o particípio regular: chegado.
Alguns verbos  apresentam  apenas particípios irregulares (escrever, descobrir, cobrir, subscrever, abrir):
Dom Casmurro foi escrito por Machado de Assis.
O Brasil foi descoberto em  1500.
Veja abaixo alguns exemplos de verbos abundantes que possuem dois  particípios.  É sempre  bom lembrar que algumas formas indicadas abaixo não são muito utilizadas no  português usado no  Brasil.
verbos
*As abreviaturas  entre parênteses indicam  se o particípio  é usado com a voz ativa (a.) ou  a voz passiva (p.).
Observe também a conjugação do  verbo  construir, que é abundante em algumas pessoas do  singular e do plural:
Presente do  indicativo: construo, construis (ou contróis), construi (ou constrói), construímos, construís, construem (ou constroem).
Imperativo afirmativo: construa, construi tu (ou constrói tu), construa, construamos, construí, construam.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

SUPER LUA REGISTRADA PELO MUNDO

Clique no link abaixo para ver a super lua registrada pelo mundo.
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/fotos/2016/11/superlua-e-registrada-pelo-mundo-fotos.html#F2233410


Maior Superlua em quase 70 anos vai iluminar o céu nesta segunda




PRONOME MIM


AFINAL O QUE É UM TEXTO?


Olá, resolvi compartilhar parte da apostila de produção textual que estou criando. Nessa parte você pode entender o que é um texto e conhecer os tipos e gêneros textuais. Bons estudos! 

Conceituação de texto – Quebrando paradigmas.         

Segundo Inez Sautchuk (2011, pág.04), “Uma única apalavra, perdida no dicionário, não é texto. Mas a mesma única palavra atinge imediatamente o status de texto quando alguém a usar numa determinada situação de comunicação, atribuindo-lhe sentido(s) par outro alguém.”.
Podemos exemplificar o que Sautchuk diz utilizando a seguinte explicação de Alfredina Nery, 2005:Para entender o conceito de texto, pensamos duas seguintes situações:”.
1) Você foi visitar um amigo que está hospitalizado e, pelos corredores, você vê placas com a palavra "Silêncio".

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 2) Você está andando por uma rua, a pé, e vê um pedaço de papel, jogado no chão, onde está escrito "Ouro".
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Segundo Alfredina Nery, na situação 1), a palavra "Silêncio" está dentro de um contexto significativo por meio do qual as pessoas interagem: nós como leitores das placas, e os administradores do hospital, que têm a intenção de comunicar a necessidade de haver silêncio naquele ambiente. Assim, a palavra "Silêncio" é um texto.     
Na situação 2), a palavra "Ouro" não é um texto. É apenas um pedaço de papel encontrado na rua por alguém. A palavra "Ouro", na circunstância em que está, quer dizer o quê? Não há como saber. Mas e se a palavra "Ouro" estiver escrita em um cartaz pendurado nas costas de um daqueles homens que ficam nas esquinas do centro das cidades grandes que anunciam a compra de ouro? Nessa situação, a palavra "Ouro" constitui um texto, porque se encontra num contexto significativo em que alguém quer dizer algo para outra pessoa (no caso, vender/comprar ouro) e, então anuncia isso.
Texto é, então, uma sequência verbal (palavras), oral ou escrita, que forma um todo que tem sentido para um determinado grupo de pessoas em uma determinada situação. O texto pode ter uma extensão variável: uma palavra, uma frase ou um conjunto maior de enunciados, mas ele obrigatoriamente necessita de um contexto significativo para existir. (ALFREDINA NERY, 2005)
Circuito fechado”, de Ricardo Ramo é um modelo de texto constituído por palavras soltas que se amarram devido ao contexto no qual estão inseridas.
Circuito Fechado
Chinelos, vaso, descarga. Pia sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis.
Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dente, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor,  poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.
                                                                                             (Ricardo Ramos)
             "Circuito fechado" não é uma série de palavras soltas,
na verdade, trata-se de um texto. Apesar de haver palavras, aparentemente, sem relação, numa primeira leitura, é possível dizer, depois de outra leitura mais atenta, que há uma articulação entre elas.
Em "Circuito fechado" há, quase que exclusivamente, substantivos (nomes de entidades cognitivas e/ou culturais, como "homem", "livro", "inteligência" ou palavras que designam ou nomeiam os seres e as coisas).
Pela escolha dos substantivos e pela sequência em que são usados, o leitor pode ir descobrindo um significado implícito, um elemento que as une e relaciona, formando o texto.
            Podemos dizer que este texto se refere a um dia na vida de um homem comum., pois no início do texto, há substantivos relacionados a hábitos rotineiros, como levantar, ir ao banheiro, lavar o rosto, escovar dentes, fazer barba (para os homens), tomar banho, vestir-se e tomar café da manhã. Já no final do texto, há o voltar para casa, comer, ler livro, ver televisão, fumar, tirar a roupa, tomar banho/escovar dentes, colocar pijama e dormir. Também ficamos sabendo que na casa da personagem há quadros, pois o narrador usa a palavra duas vezes: no momento do café e na volta para casa. No escritório há "Relógio". Escolha intencional do autor, talvez para relacionar relógio e trabalho, trabalho e rotina.

 Tipologia textual e gêneros textuais

O aspecto teórico e terminológico relevante é a distinção entre duas noções nem sempre analisadas de modo claro na bibliografia pertinente: a definição de tipo textual e de gênero textual.
Segundo Marcuschi (2008, p.154): Usamos a expressão tipo textual pra designar uma espécie de sequencia teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção.
Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam; telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio, noticia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversão espontânea, conferencia, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante. MARCUSCHI (2008).
Para maior visibilidade, abaixo segue o quadro sinóptico elaborado por Marcuschi (2007, p.22):
             TIPOS TEXTUAIS
           GÊNEROS TEXTUAIS
1. construir teóricos definidos por propriedades linguísticas intrínsecas.
1. realizações linguísticas concretas definida por propriedades sócio-comunicativas;
2. constituir sequencias linguísticas o sequencias de enunciados no interior dos gêneros e não soa textos empíricos.
2. constituem textos empiricamente realizados cumprindo funções em situações comunicativas;
3. sua nomeação abrange um conjunto limitado de categorias teóricas determinadas por aspectos lexicais, sintáticos, elações lógicas, tempo verbal;
3. sua nomeação abrange um conjunto aberto e praticamente ilimitado de designações concretas determinadas pelo canal, estilo, conteúdo, composição e função.
4. designações teóricas dos tipos: narração, argumentação, descrição, injunção e exposição.
4. exemplos de gêneros: telefonema, sermão,  carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio, noticia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversão espontânea, conferencia, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais, etc.


ü  Tipos de texto

Tipo textual designa uma espécie de construção teórica (em geral uma sequencia subjacente aos textos) definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações, lógica, estilo). O tipo caracteriza - se muito mais como sequencias linguística (sequencias retóricas) do que como textos materializados a rigor, são modos textuais. Em geral os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. MARCUSCHI (2008).
De forma mais sucinta, tipo textual é a forma como um texto se apresenta. As tipologias mais usadas são: narração, descrição, dissertação (ou exposição), argumentação, informação, injunção, diálogo e entrevista. É importante que não se confunda tipo textual com gênero textual.
O conceito dos textos a seguir, assim como os seus exemplos foram tirados do internet, publicados pelo professor Adalid Zeballos, em seu blog no dia 29 de abril de 2013.

ü  Texto Narrativo > contar; relatar.

A narração consiste em arranjar uma sequencia de fatos na qual os personagens se movimentam num determinado espaço à medida que o tempo passa.
O texto narrativo é baseado na ação que envolve personagens, tempo, espaço e conflito. Seus elementos são: narrador, enredo, personagens, espaço e tempo.  
Dessa forma, o texto narrativo apresenta uma determinada estrutura:
Esquematizando temos:
- Apresentação;
- Complicação ou desenvolvimento;
- Clímax;
- Desfecho.
A narrativa é centrada num conflito vivido pelos personagens. Diante disso, a importância dos personagens na construção do texto é evidente.
Podemos dizer que existe um protagonista (personagem principal) e um antagonista (personagem que atua contra o protagonista, impedindo-o de alcançar seus objetivos). Há também os adjuvantes ou coadjuvantes, esses são personagens secundários que também exercem papéis fundamentais na história.
Em nosso cotidiano encontramos textos narrativos; contamos e/ou ouvimos histórias o tempo todo. Mas os textos que não pertencem ao campo da ficção não são considerados narração, pois essas não têm como objetivo envolver o leitor pela trama, pelo conflito. Podemos dizer que nesses relatos há narratividade, que quer dizer, o modo de ser da narração. Os elementos que compõem a narrativa são:


                                             - Foco narrativo (1º e 3º pessoa)

Os Elementos da Narrativa:         - Narrador (personagem ou  observador).
                                             - Tempo (cronológico e psicológico);
                                             - Espaço.
                                            
Exemplo I de Texto Narrativo:
“Conta à lenda que um velho funcionário público de Veneza noite e dia, dia e noite rezava e implorava para o seu Santo que o fizesse ganhar sozinho na loteria cujo valor do premio o faria realizar todos seus desejos e vontades. Assim passavam os dias, as semanas, os meses e anos. E nada acontecia. Até que no dia do Santo, de tanto que seu fiel devoto chorava e implorava, o Santo surgiu do nada e numa voz de desespero e raiva gritou:
Pelo menos meu filho compra o bilhete!!!”
Exemplo II de Texto Narrativo:

Cuidado com o que se deseja
Ex-aluna do CFS

Pedro era um garoto muito arrogante; sempre reclamava de tudo e queria que as coisas fossem feitas a sua maneira. Queria que todos ao seu redor fossem condescendentes com seus caprichos e, quando as coisas não saíam ao seu contento, tinha ataques tão terríveis, que muitas vezes seus vizinhos pensaram em chamar a polícia para contê-lo.
Um belo fim de tarde, logo depois da escola, Pedro estava caminhando pela rua quando se deparou com uma garrafa de formato anormal em cima do meio-fio; abaixou-se, pegou-a e, como era afobado, em vez de admirar o peculiar acabamento da garrafa, começou a sacudi-la para ver se havia algo dentro. Porque não ouviu nenhum som, concluiu que deveria estar vazia. Quando estava prestes a jogá-la fora, percebeu ranhuras no casco, que era feito de vidro fosco, e levantou a garrafa contra a luz. Forçando a vista, percebeu alguns sinais que aos poucos foram se convertendo em letras. Pôde ler então a mensagem: “Abra-me!”.
O menino, convencido de que se tratava de uma brincadeira, decidiu não obedecer ao comando de uma estúpida garrafa. Ainda com o objeto na mão, caminhou mais um quarteirão e estacou no meio do caminho. A curiosidade ainda persistia. Escondeu-se atrás de um muro, olhou para todos os lados e, quando se convenceu de que estava sozinho, abriu a garrafa.
De dentro dela, saiu uma fumaça rosada que, ao se dissipar, revelou uma estranha criatura encantada que lhe disse que ele teria direito a um desejo; apenas um desejo. Pedro, muito esperto, soube instantaneamente o que desejaria.
— Se é assim, quero ter o dom de poder realizar todos os meus desejos, bastando para isso apontar simplesmente o meu dedo.
— Que assim seja, mestre! — disse a criatura com um sorriso irônico, desaparecendo logo em seguida.
Pedro correu para casa, doido para começar a realizar seus desejos, agora que possuía esse fantástico poder.
Ao dobrar uma esquina, deu um encontrão em uma menina. Refazendo-se do susto, ele viu que não era apenas uma menina; era simplesmente a menina mais cobiçada do bairro, a mais linda da região, pela qual Pedro era apaixonado.
— Agora vou me dar bem! — maquinou o menino, murmurando para si.
Pedro, discretamente, apontou o dedo para a menina e, baixinho, disse:
— Apaixone-se por mim.
A bela menina, como se estivesse em transe hipnótico, lançou sobre Pedro um olhar de malícia e gemeu docemente:
— Ai, meu Deus! Que gato!
O menino, apesar de ter sido atendido em seu desejo, mas ainda surpreso com o efeito que presenciava, encabulado, apontou o dedo para si mesmo e disse:
— Gato? Eu?
A partir desse dia, a bela menina, quando andava pelas ruas dali, era perseguida e assediada por um gatinho branco e fofo, sempre a miar e a ronronar em volta de suas pernas. E Pedro, menino caprichoso e malcriado, para estranheza de toda a vizinhança, nunca mais foi visto.


ü  Texto Descritivo > caracterizar; adjetivar.

“Descrição é a representação verbal de um objeto sensível (ser, coisa, paisagem), através da indicação dos seus aspectos mais característicos, dos pormenores que o individualizam, que o distinguem.”  Quem disse?
Descrever não é enumerar o maior número possível de detalhes, mas assinalar os traços mais singulares, mais salientes; é fazer ressaltar do conjunto uma impressão dominante e singular. Dependendo da intenção do autor, varia o grau de exatidão e minúcia na descrição.
Diferentemente da narração, que faz uma história progredir, a descrição faz interrupções na história, para apresentar melhor um personagem, um lugar, um objeto, enfim, o que o autor julgar necessário para dar mais consistência ao texto.
Texto descritivo é, então, desenhar, pintar, usando palavras em vez de tintas. Um bom exercício para levar a criança a vivenciar o texto descritivo e pedir que ela olhe em volta e escreva ou fale o que está vendo, descrever objetos como, sua mochila, estojo, etc. Ou que ela conte como é o coleguinha ao lado, (nessa é bom ter cuidado, pois elas costumam achar defeitos horrorosos). Algumas das características que marcam o texto descritivo são:
• presença de substantivo, que identifica o que está sendo descrito.
• adjetivos e locuções adjetivas.
• presença de verbos de ligação.
• há predominância do predicado verbal, devido aos verbos de ligação e aos adjetivos.
• emprego de metáforas e comparações, para auxiliar na “visualização” das características que se deseja descrever.
Essa é a explicação básica e resumida de “como ensinar texto descritivo para crianças”. Lembrando que ao descrever seres vivos, as características psicológicas e comportamentais, também fazem parte da descrição.
Exemplo I de texto descritivo:
“A árvore é grande, com tronco grosso e galhos longos”. É cheia de cores, pois tem o marrom, o verde, o vermelho das flores e até um ninho de passarinhos. O rio espesso com suas águas barrentas desliza lento por entre pedras polidas pelos ventos e gastas pelo tempo.
Exemplo II de texto descritivo:
  
A PAISAGEM (escrita por um aluno do 4° ano, baseada na imagem abaixo).
 “A imagem central mostra um lindo dia solarengo de verão, com uma paisagem rural junto de uma aldeia.
 No meio da imagem está uma grande árvore de folhas verdes e com lindos frutos maduros e cor vermelha.  No meio de um enorme campo verde, está um poço antigo com um muro, telhado vermelho e com uma manivela que puxa um balde através de uma corda. Entre a árvore e o poço está um caminho de terra, para utilização dos agricultores.
No cimo de um pequeno monte onde existem grandes rochas, encontrasse uma gorda ovelha de lã branca.
Mais ao fundo e atrás desse monte vêm-se uns telhados e casas da aldeia e duas grandes torres de uma linda igreja.
Descendo de umas enormes montanhas, correm uns grandes rios que irrigam, os verdes campos.
À esquerda da imagem, passando o rio, vejo umas rochas e ao lado um grande rebanho a pastar, entre um lindo arvoredo.
Toda esta paisagem é calma e muito sossegada, onde se respira um ar limpo e puro.”


ü  Texto Dissertativo > comentar; opinar; analisar.

Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o texto de apresentação científica, o relatório, o texto didático, o artigo enciclopédico.
Os elementos básicos do texto dissertativo são:
Argumentação: dados, informações e conceitos sustentam um comentário (ponto de vista) sobre o assunto (tema) abordado;
Opinião: ponto de vista, explícito ou implícito, sobre o assunto abordado.
Ao contrário do texto narrativo que obedece a uma sequencia temporal, o texto dissertativo obedece a uma ordem lógica argumentativa.
Em princípio, o texto dissertativo não está preocupado com a persuasão e sim, com a transmissão de conhecimento, sendo, portanto, um texto informativo.
Os textos argumentativos, ao contrário, têm por finalidade principal persuadir o leitor sobre o ponto de vista do autor a respeito do assunto. Quando o texto, além de explicar, também persuade o interlocutor e modifica seu comportamento, temos um texto dissertativo-argumentativo. O texto dissertativo argumentativo tem uma estrutura convencional, formada por três partes essenciais.
·        Introdução (1o parágrafo): Apresenta a ideia principal da dissertação, podendo conter uma citação, uma ou mais perguntas (contanto que sejam respondidas durante o texto), comparação, pensamento filosófico, afirmação histórica, etc.
·        Desenvolvimento (2o aos penúltimos parágrafos): Argumentação e desenvolvimento do tema, na qual o autor dá a sua opinião e tenta persuadir o leitor, sem nunca usar a primeira pessoa (invés de “eu sei”, use “nós sabemos” ou “se sabe”).
·        Conclusão (último parágrafo): Resumo do que foi dito no texto e/ou uma proposta de solução para os problemas nele tratados.
Exemplo I de texto dissertativo:
Uma nova ordem
     “Nunca foi tão importante no País uma cruzada pela moralidade. As denúncias que se sucedem os escândalos que se multiplicam, os casos ilícitos que ocorrem em diversos níveis da administração pública exibem, de forma veemente, a profunda crise moral por que passa o País.
      O povo se afasta cada vez mais dos políticos, como se estes fossem símbolos de todos os males. As instituições normativas, que fundamentam o sistema democrático, caem em descrédito. Os governantes, eleitos pela expressão do voto, também engrossam a caldeira da descrença e, frágeis, acabam comprometendo seus programas de gestão.
Para complicar, ainda estamos no meio de uma recessão que tem jogado milhares de trabalhadores na rua, ampliando os bolsões de insatisfação e amargura.
Não é de estranhar que parcelas imensas do eleitorado, em protesto contra o que veem e sentem, procurem manifestar sua posição com o voto nulo, a abstenção ou o voto em branco. Convenhamos, nenhuma democracia floresce dessa maneira”.
A atitude de inércia e apatia dos homens que têm responsabilidade pública os condenará ao castigo da história. É possível fazer-se algo, de imediato, que possa acender uma pequena chama de esperança.
O Brasil dos grandes valores, das grandes ideias, da fé e da crença, da esperança e do futuro necessita urgentemente da ação solidária, tanto das autoridades quanto do cidadão comum, para instaurar uma nova ordem na ética e na moral.
Exemplo II de texto dissertativo:
Mobilidade urbana

ü  Texto injuntivo > comentar; ordenar; instruir.
Texto injuntivo também é chamado de texto instrucional, prescritivo; normalmente traz orientações para a realização de uma tarefa.
Normalmente em forma de ordem, apelo, pedido, súplica, suas marcas mais evidentes são os verbos no imperativo, o uso de vocativos e a referência direta à segunda pessoa (tu ou você) Aparece comumente em textos publicitários, horóscopos, manuais de instrução, bulas de medicação, receitas culinárias, placas de trânsito, textos de autoajuda, etc.
Exemplo de texto injuntivo:
          CUMPRA SEU DEVER. A DENGUE PODE MATAR Resultado de imagem para cumpra seu dever a dengue pode matar
ü  Texto expositivo > explicativo; informativo.

A característica fundamental do texto expositivo é tratar com clareza e objetividade a informação. É o texto cujo objetivo principal é informar, esclarecer, explicar, definir sem o compromisso de julgar. É o texto científico, pedagógico, jornalístico, por exemplo.
Exemplo de texto expositivo:
Resultado de imagem para manchete de jornal sobre educação

     De acordo com Campedelli, (2003) podemos retomar alguns aspectos ao comparar os textos dissertativos, narrativos e descritivos:
Texto dissertativo
Texto narrativo
 Texto descritivo
● Expõe um tema explica, avalia, classifica, analisa.
● É um tipo de texto argumentativo.
●Expõe um fato, relaciona mudanças de situação, geralmente aponta antes, durante e depois dos acontecimentos.
● É um tipo de texto sequencial.
● Expõe características dos seres ou coisas, apresenta uma visão.
● É um tipo de texto figurativo.

ü  Gêneros textuais
Gênero textual refere os textos materializados em situações comunicativas recorrentes. Os gêneros textuais podem ser textos que encontramos em nossa vida diária e que apresentam padrões sócio comunicativos característicos definidos por composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais institucionais e técnicas. Em contraposição aos tipos, os gêneros são entidades empíricas em situações comunicativas e expressam em designações diversas constituindo em princípios entidades abertas. (MARCUSCHI, 2008).
              Sucintamente os gêneros de texto são as estruturas com que se compõe os textos, sejam eles orais ou escritos. Essas estruturas são socialmente reconhecidas, pois se mantêm sempre muito parecidas, com características mais comuns, procuram atingir intenções comunicativas semelhantes e ocorrem em situações específicas.
               Referem-se às diferentes formas de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por exemplo, poemas, crônicascontosprosa, etc. Exemplos: romance, conto, artigo de opinião, receita culinária, lista de compras, carta, telefonema, aula expositiva, debate, reunião de condomínio, e-mail, relato de viagem, lenda, fábula, biografia, seminário, piada, relatório científico, bilhete, sermão, reportagem, entrevista, explicação, adivinha, conto de fadas, notícia, diário, resenha, regulamento, currículo, verbete, palestra, edital, manual de instruções, bula de remédio, redação técnica, carta comercial, romance histórico, ensaio, editorial, discurso, redação oficial, narrativa de enigma, texto prescritivo.

                                 Quadro explicativos de gêneros orais e escritos

Domínios sociais de comunicação
Aspectos tipológicos
Capacidade de linguagem dominante
Exemplo de gêneros orais e escritos
Cultura Literária Ficcional
Narrar
Detalhes de ação através domínio do verossímil.
Conto de Fadas, fábula, lenda, narrativa de aventura, narrativa de ficção cientifica, narrativa de enigma, narrativa mítica, história engraçada, biografia romanceada, romance, romance histórico, novela fantástica, conto, crônica literária, adivinha, piada
Documentação e memorização das ações humanas
Relatar
Representação pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo.
Relato de experiência vivida, relato de viagem, diário íntimo, testemunho, anedota ou caso, autobiografia, curriculum vitae, notícia, reportagem, crônica social, crônica esportiva, histórico, relato histórico, ensaio ou perfil biográfico, biografia.
Discussão de problemas sociais controversos
Argumentar
Sustentação, refutação e negociação de tomadas de posição.
Textos de opinião, diálogo argumentativo, carta de leitor, carta de solicitação, deliberação informal, debate regrado, assembleia, discurso de defesa (advocacia), discurso de acusação (advocacia), resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial, ensaio.
Transmissão e construção de saberes
Expor
Apresentação textual de diferentes formas dos saberes.
Texto expositivo, exposição oral, seminário, conferência, comunicação oral, palestra, entrevista de especialista, verbete, artigo enciclopédico, texto explicativo, tomada de notas, resumo de textos expositivos e explicativos, resenha, relatório científico, relatório oral de experiência.
Instruções e prescrições
Descrever ações
Regulação mútua de comporta.
Instruções de montagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de uso, comandos diversos, textos prescritivos.


Os gêneros textuais são infinitos e cada um deles possui o seu próprio estilo de escrita e de estrutura. Desta forma fica mais fácil compreender as diferenças entre cada um deles e poder classifica-los de acordo com suas características.
Exemplos de gêneros textuais
ü   Gênero Diário – é escrito em linguagem informal, sempre consta a data e não há um destinatário específico, geralmente, é para a própria pessoa que está escrevendo, é um relato dos acontecimentos do dia. O objetivo desse tipo de texto é guardar as lembranças e em alguns momentos desabafar. Veja um exemplo:
“Domingo, 14 de junho de 1942
Vou começar a partir do momento em que ganhei você, quando o vi na mesa, no meio dos meus outros presentes de aniversário. (Eu estava junto quando você foi comprado, e com isso eu não contava.).  Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas, o que não é de espantar; afinal, era meu aniversário. Mas não me deixam levantar a essa hora; por isso, tive de controlar minha curiosidade até quinze para as sete. Quando não dava mais para esperar, fui até a sala de jantar, onde Moortje (minha gatinha) me deu as boas-vindas, esfregando-se em minhas pernas.”
Trecho retirado do livro “Diário de Anne Frank”.
ü  Gênero Carta
Escrevemos uma carta pessoal quando queremos nos comunicar com alguém próximo de nós, como amigos ou familiares.
As características desse tipo de gênero textual são simples, ou seja, não possuem muitas regras e estrutura para serem seguidas. Tais quais:
O assunto é livre, geralmente de ordem íntima, sentimental.
O tamanho varia entre médio e grande. Quando é pequeno, é considerado bilhete e não carta.
O tipo de linguagem acompanhará o grau de intimidade entre remetente e destinatário. Portanto, cabe ao escritor saber se pode usar termos coloquiais ou mesmo gírias.
Quanto à estrutura, a carta pessoal deve seguir a sequência: local e data escritos à esquerda, vocativo, corpo do texto e por última despedida e assinatura.
Como o grau de intimidade é variável, o vocativo, por consequência, também varia: Minha querida, Amado meu, Querido Amigo Fulano, “Fulaninho”, Caro Senhor, Estimado cliente, etc. A pontuação após o vocativo pode ser vírgula ou dois-pontos.
Assim também é em relação à despedida, a qual pode variar entre Atenciosamente, Cordialmente, etc. até Adeus, Saudades, Até em breve, etc.
Quanto à assinatura, pode ser desde só o primeiro nome até o apelido, dependendo da situação.
  A carta pessoal geralmente é entregue em mãos ou enviada pelo correio, pois é manuscrita. Caso o remetente se esqueça de dizer algo importante e já tenha finalizado a carta, acrescenta-se a abreviação latina P.S (post scriptum - é originada do verbo latino “post scribere” que significa “escrever depois”), ou Obs. (observação).
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ü  Gênero Reportagem
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A reportagem é um gênero de texto jornalístico que transmite uma informação por meio da televisão, rádio, revista. O objetivo da reportagem é levar os fatos ao leitor ou telespectador de maneira abrangente. Se televisionada, a reportagem deve ser transmitida por um repórter que possui dicção pausada e clara e linguagem direta, precisa e sem incoerências. Além de saber utilizar a entonação que dá vida às palavras, uma vez que representam na fala os sinais de pontuação. Se impressa, a reportagem deve demonstrar capacidade intelectual, criatividade, sensibilidade quanto aos fatos e uma escrita coerente, que dinamiza a leitura e a torna fluente. Por essas questões, a subjetividade está mais presente nesse tipo de reportagem do que no outro, apontado acima. A reportagem faz investigações, tece comentários, levanta questões, discute, argumenta.
ü   Gênero Piada

             "Uma piada é um texto narrativo curto de final engraçado e às vezes surpreendente, cujo objetivo é provocar risos ou gargalhadas em quem a ouve ou lê". O senso de humor varia em cada cultura. O que é engraçado para um povo pode não ser para outro.
              Exemplo de piada:
ERRO DE EMAIL
“ Um casal decide passar férias numa praia do Caribe, no mesmo hotel onde passou a lua de mel 20 anos antes.
Por causa do trabalho, a mulher não pode viajar com o marido. Deixa para ir alguns dias depois. Quando o homem chega ao seu quarto do hotel, vê que há um computador com acesso à internet. Decide então enviar um e-mail à mulher, mas erra uma letra sem perceber e o envia a outro endereço.
O e-mail é recebido por uma viúva que acabara de chegar do enterro do marido. Ao conferir seus e-mails, ela desmaia instantaneamente. O filho, ao entrar em casa, encontra a mãe caída perto do computador. Na tela está escrito:
Querida esposa,
Cheguei bem, provavelmente você se surpreenda ao receber noticias minhas por e-mail. Mas agora tem computador aqui e pode-se enviar mensagens às pessoas queridas. Acabo de chegar e já me certifiquei de que esta tudo preparado para você vir na sexta-feira que vem. E espero que a sua viajem seja tão tranquila como está sendo a minha.
SÓ UM DETALHE: Não traga muita roupa, Aqui faz um calor infernal
.”

ü  Gênero Receita culinária

A receita é um gênero textual que apresenta duas partes bem definidas - ingredientes e modo de fazer -, que podem não vir indicadas por títulos. A primeira parte apenas relaciona os ingredientes, estipulando as quantidades necessárias indicadas por títulos. A primeira arte apenas relaciona os ingredientes, estipulando as quantidades necessárias, indicadas em gramas, xícaras, colheres pitadas, etc.
No modo de fazer, os verbos se apresentam quase sempre no modo imperativo (o modo verbal que expressa ordem, conselho, etc.), pois essa parte indica, passo a passo, a sequencia dos procedimentos e d junção dos ingredientes a ser seguida para se obter o melhor resultado da receita – no caso, pasteis de forno recheadas de goiaba. Às vezes, o imperativo é substituído pelo infinitivo, como por exemplo, “Preparara massa: misturar com as pontas dos dedos [...]”,  “Aos poucos, abrir pequenas porções da massa [...]”, etc.
Uma receita pode apresentar outras informações, como grau de dificuldade, tempo médio de preparo, rendimento, calorias, etc. pode, ainda, conter dicas para decoração ou para variações.
Nesse gênero textual costuma-se empregar uma linguagem direta, clara e objetiva, pois sua finalidade é levar o leitor ou cozinheiro obter sucesso no preparo de prato culinário.
Características da receita: Contém título, normalmente apresenta uma estrutura constituída de: titulo, ingredientes e modo de preparo ou de fazer, no modo de fazer, os verbos geralmente são empregados no imperativo, pode conter indicação de calorias por porção, rendimento, dicas de preparo ou de como decorar e servir, etc., a linguagem direta, claro e objetivo e emprega o padrão culto da língua.
 Exemplo de receita:
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ü HQ - Historia em quadrinhos

            História em quadrinhos (HQ) é uma narrativa visual que, normalmente, expressa a língua oral e apresenta um enredo rápido, empregando somente imagem ou associando palavra e imagem.
            As histórias em quadrinhos podem ou não ter humor como efeito de sentido, e podem ser definidas como arte sequencial, pois são desenhos em sequência que narram uma história.
            Na arte sequencial, a comunicação se faz por intermédio de imagens que o emissor e o receptor identificam. Para “ler” uma HQ, é preciso interpretar imagens, relacionar estas com as palavras e perceber relações de causa e efeito.
            Os quadrinhos estão por toda a parte. Servem para entreter, mas podem veicular uma mensagem instrucional – podem ser usados para uma campanha de economia de água, para alertar sobre riscos de doenças ou para transmitir informativos de trânsito, por exemplo.
            A HQ em geral envolve várias técnicas narrativas através dos dois canais: imagem e texto escrito. Para compreender a mensagem, o leitor precisa relacionar os elementos de imagem (icônicos) com os de texto (linguísticos).
            O diálogo na HQ é apresentado na forma direta; no entanto, não é transcrito do mesmo modo que, por exemplo, o diálogo em contos ou peças teatrais. As falas são indicadas, em geral, por meio de balões, estabelecendo-se uma comunicação mais imediata entre os personagens e o leitor, já que o texto é incorporado à imagem.
            Conheçamos alguns elementos das histórias em quadrinhos:
            Localização dos balões: indica a ordem em que se sucedem as falas (de cima para baixo, da esquerda para a direita).
           Contorno dos balões: varia conforme o desenhista; no entanto, alguns são comuns, como os que apresentam linha contínua (fala pronunciada em tom normal); linhas interrompidas (fala sussurrada); ziguezague (um grito, uma fala de personagem falando alto, ou som de rádio ou televisão); em forma de nuvem (pensamento). Há ainda casos em que a fala de uma determinada personagem pode aparecer sem contorno de balão, cuja fala ocupando uma boa parte do quadrinho, o que reforça que esta personagem está irritada e gritando.
          Sinais de pontuação: reforçam sentimentos e dão maior expressividade à voz do personagem.
          Onomatopeias: conferem movimento à história, imitando sons do ambiente (crash para uma batida, ou buuuum para uma explosão, por exemplo) ou produzidos por pessoas e animais (zzzz, para sono, rrrrrr, para o rosnado de um cão, etc).
          Para se produzir histórias em quadrinhos, o quadrinista (que pode ser você) precisa, além de realizá-la dentro de um determinado contexto em que a história acontece e de ter habilidade para produzir desenhos, conhecer também os recursos gráficos que indicam em que circunstâncias as personagens efetuam suas falas (num diálogo, com raiva, à distância, com agressividade, com paixão, etc).
         Para isso, apresento alguns recursos gráficos a que me refiro: os balões:
   
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Exemplo de historia em quadrinhos.
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ü  Tirinha
A tira de jornal ou tirinha, como é mais conhecida, é um gênero textual que surgiu nos Estados Unidos devido à falta de espaço nos jornais para a publicação passatempos. O nome "tirinha" remete ao formato do texto, que parece um "recorte" de jornal. Um dos pioneiros na criação da tira foi o americano Bud Fisher, autor da tira Mutt e Jeff:
  A princípio, as tiras tinham uma diagramação padrão de 30 cm de largura por 10 cm de altura. Porém, com o tempo, muitos desenhistas ousaram bastante e produziram tiras muito criativas com diagramação diversificada. É comum encontrarmos tiras na vertical, bem como com um número de quadros superior a seis (6), ou mesmo desalinhadas.
 Este gênero textual apresenta geralmente uma temática humorística, contudo não raro encontramos tirinhas satíricas, de cunho social ou político e metafísicas.

É comum as tiras centrarem-se em um personagem principal, que estabelece relação com outros personagens "menores", e que representa uma época remota, um país, um estereótipo de alguma cultura etc.
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A tirinha tem seu espaço garantido nos jornais, em revistas, nos livros didáticos e atualmente tem alcançado grande destaque nas chamadas Redes Sociais, além de blogs especializados neste gênero. É objeto de estudo nos cursos de graduação e pós-graduação, não sendo difícil encontrarmos artigos e outras publicações destinados à utilização deste gênero textual na sala de aula em diversas áreas do conhecimento.
ü   O Gênero Fábula
As fábulas são pequenas histórias que transmitem uma lição de moral é uma das mais antigas formas de narrativa. As personagens das fábulas são geralmente animais, que representam tipos humanos, como o egoísta, o ingênuo, o espertalhão, o vaidoso, o mentiroso, etc.
Muitos escritores dedicaram-se às fábulas, mas três ficaram mundialmente famosos: o grego Esopo (século VI a.C.), o latino Fedro (15 a.C. - 50 d.C.) e o francês Jean de La Fontaine (1621 - 1695).
No Brasil, Monteiro Lobato (século XX) foi quem as recriou. Millôr Fernandes é um escritor carioca que recriou as antigas fábulas de Esopo e La Fontaine, de forma satírica e engraçada.
A fábula se divide em 2 partes:
1ª parte - a história (o que aconteceu)
2ª parte - a moral (o significado da história)

Exemplo de fábula:
O lobo velho, de Monteiro Lobato.
Adoecera o lobo e, como não pudesse caçar, curtia na cama de palha a maior fome de sua vida. Foi quando lhe apareceu a raposa.
- Bem-vinda seja, comadre! É o céu que a manda aqui. Estou morrendo de fome e se alguém não me socorre, adeus, lobo!...
- Pois espere aí que já arranjo uma rica petisqueira - respondeu a raposa com uma idéia na cabeça.
Saiu e foi para a montanha onde costumavam pastar as ovelhas. Encontrou logo uma, desgarrada.
- Viva anjinho! Que faz por aqui, tão inquieta? Está a tremer...
- É que me perdi e tremo de medo do lobo.
- Medo do lobo? Que bobagem! Pois ignora que o lobo já fez as pazes com o rebanho?
- Que me diz?
- A verdade, filha. Venho da casa dele, onde conversamos muito tempo. O pobre lobo está na agonia e arrependido da guerra que moveu às ovelhas. Pediu-me que dissesse isto a vocês e as levasse lá, todas a fim de selarem um pacto de reconciliação.
A ingênua ovelhinha pulou de alegria. Que sossego dali por diante, para ela e as demais companheiras! Que bom viver assim, sem o terror do lobo no coração!
Enternecida disse:
- Pois vou eu mesma selar o acordo.
Partiram. A raposa, à frente, conduziu-a à toca da fera. Entraram. Ao da com o lobo estirado no catre, a ovelhinha por um triz que não desmaiou de medo.
- Vamos - disse a raposa -, beije a pata do magnânimo senhor! Abrace-o, menina!
A inocente, vencendo o medo, dirigiu-se para o lobo e abraçou-o. E foi-se a ovelha!...

MORAL: "Muito padecem os bons que julgam os outros por si."
ü      Gênero textual poesia/poema
Origina-se da palavra grega “poieses”, que significa “ação de fazer algo”. A palavra POEMA origina-se da palavra grega “poiema”, significa “o que faz”. A poesia é um gênero textual norteado por características específicas, cuja finalidade discursiva se pauta pelo provocar de sentimentos e emoções. O poema, por sua vez, é a concretização da poesia feita pelo poeta que a manifesta por meio de palavras de efeitos sugestivos e simbólicos, sonoridade, musicalidade, ritmo, versos e estrofes.
Versificação é o estudo da disposição das palavras e frases em versos. Verso é cada linha do poema. Exemplo de poema com 04 (quatro) versos:
  “Quem é esse viajante} VERSO
   Quem é esse menestrel
   Que espalha esperança
   E transforma sal em mel?”
                 (Milton Nascimento)
Dentro do verso temos o estudo da métrica que é a contagem de sílabas poéticas do verso. Ela é feita a partir de emissões sonoras. As sílabas que aparecem depois da última sílaba tônica são pronunciadas fracamente, por isso não são contadas. Elas podem ser:
* Monossílabo – versos com uma sílaba.
* Dissílabos – versos com 2 (duas) sílabas.
* Trissílabos – versos constituídos com 3 (três) sílabas.
* Tetrassílabos – versos constituídos com 4 (quatro) sílabas.
* Pentassílabos – versos com uma estrutura de 5 (cinco) sílabas ou chamado de redondilhamenor.
* Hexassílabos – versos estruturados com 6 (seis) sílabas.
* Heptassílabos – versos constituídos de 7 (sete) sílabas ou chamado de redondilha maior.
* Octossílabos – versos constituídos com 8 (oito) sílabas.* Decassílabos – versos estruturados em 10 (dez) sílabas.
* Hendecassílabos – versos com 11 (onze) sílabas.
* Dodecassílabos – versos constituídos em 12 (doze) sílabas ou chamado de alexandrino.* Verso bárbaro – versos com mais de 12 (doze) sílabas.
Exemplos: “ÉS/A/CLA/VE/DO/SOL,/ÉS/A/CHA/VE/DA/SOM/BRA = verso Dodecassílabo     Dor/meo/teu/so/no/so/sse/ga/doe/pu/ro = verso Decassílabo
 Estrofe é o conjunto de vários versos. Classificam-se em:


* Monóstico – só um único verso.
* Dístico – dois versos.
* Terceto – três versos.
* Quadra – quatro versos.
* Quintilha – cinco versos.
* Sextilha – seis versos.
* Septilha – sete versos.
* Oitava – oito versos.
* Nona – nove versos.
* Décima – dez versos.



Exemplo de poesia com duas estrofes:

“Terra é sem vida, e nada
 Vive mais que o coração...
 E envolve-te a terra fria
 E a minha saudade não!

 Tenho saudade de ver-te
 Mas não sei como acertar.
 Passeias onde não ando,
 Andas sem eu te encontrar.”
             (Fernando Pessoa)

Ritmo é a sequencia regular e modulada de sons nas palavras, nas frases, nos versos de um texto poético. A rima e a métrica contribuem para a obtenção do ritmo, assim como o jogo de sílabas tônicas e átonas, a semelhança de fonemas vocálicos e consonantais.
Rima é a identidade ou semelhança de sons entre duas palavras. Classificação da rima quanto ao seu valor:
* Toante – repetição de sons vocálicos.
* Aliterante – repetição de sons consonantais.
* Consoante – repetição de todas as letras e sons.
* Aguda – rimas de palavras oxítonas.
* Esdrúxula – rimas de palavras paroxítonas.
* Ricas – rimas de palavras raras.
* Pobres – rimas de palavras comuns.


Classificação da rima quanto as suas combinações:

* Emparelhada– ocorrem de duas em duas (AABB)
Exemplo:
Não tenho medo de bamba, (A)
Na roda de samba (A)
Eu sou bacharel (B)
Sou bacharel (B)
       (Noel Rosa)

* Alternadas – ocorrem de forma alternada (ABAB)
O que tu achas da paixão, (A)
É tão somente curiosidade. (B)
E os teus desejos ferventes vão (A)
Batendo as asas na irrealidade (B)
                           (Manuel Bandeira)

* Interpoladas – ocorrem de forma opostas (ABBA)
Amor é um fogo que arde sem se ver, (A)
É ferida que dói, e não se sente; (B)
É um contentamento descontente (B)
É dor que desatina sem doer. (A)
                           (Luís de Camões)

 * Mistas – tudo embaralhado (ABACDCD)
Meninas de bicicleta (A)
Que fagueiras pedalais (B)
Quero ser vosso poeta! (A)
Ó transitórias estátuas (C)
Esfuziantes de azul (D)
Louras com peles mulatas (C)
Princesas da zona sul (D)
BELTRÃO, Eliana Lúcia Santos. Diálogo: língua portuguesa. 8º e 9º ano. Ed. Renovada – SãoPaulo: FTD, 2009 (Coleção Diálogo).http://www.infoescola.com/literatura/versos-rimas-estrofes/, em 24/05/2013.
                        

 

       Diferenças entre a poesia, o poema e o soneto.

 

Muitas pessoas confundem o poema com a poesia, assim como não conhecem as características de um soneto. Entender as diferenças é importante até para que você possa apreciar melhor a arte das palavras. Observe:

 Poema: é um gênero textual que utiliza as palavras como matéria-prima, organizando-as em versos, estrofes ou prosa, ou seja, apresenta uma estrutura que permite defini-lo como gênero. A palavra poema é derivada do verbo grego “poein”, que significa “fazer, criar, compor”. No Brasil existem vários e várias poetas, entre eles o poeta Mario Quintana, cujo poema abaixo é um belo exemplo desse gênero encantador!
Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
Mario Quintana
 Soneto: O soneto é um tipo de poema que possui forma fixa, ou seja, apresenta-se sempre com a mesma estrutura: quatro estrofes, sendo dois quartetos (quatro versos cada estrofe) e dois tercetos (três versos cada estrofe). Escrever um soneto é tarefa para os grandes poetas, mesmo porque, além da forma fixa, é preciso muito talento para construir todos os versos com dez sílabas poéticas, os chamados versos decassílabos. Leia abaixo o belo soneto de um de nossos maiores sonetistas brasileiros, o poeta Vinicius de Moraes:
Soneto do Amor Total
Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
                                Vinicius de Moraes

 Poesia: é um conceito mais amplo do que o poema e o soneto. Muitas pessoas acham que a poesia é um gênero textual, mas, na verdade, ela não está necessariamente relacionada à palavra escrita. Um belo quadro, por exemplo, pode estar repleto de poesia, assim como uma escultura, um filme, uma música e até mesmo uma bela paisagem, como o nascer ou o pôr do sol. Portanto, a poesia é uma definição mais abrangente e contempla diversas manifestações artísticas e formas de expressão.
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Woman with a Parasol
, ou Mulher com guarda-sol, do pintor francês Claude Monet, um dos mais célebres pintores impressionistas do mundo.


ü   Gênero textual conto

O conto é uma obra de ficção. Cria um universo de seres e acontecimentos de ficção, de fantasia ou imaginação. O conto apresenta um narrador, personagens e enredo.
Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma história e tem apenas um clímax. Num romance, a trama desdobra-se em conflitos secundários, o que não acontece com o conto. O conto é conciso.
Algumas características:
- É uma narrativa linear e curta, tanto em extensão quanto no tempo em que se passa.
- A linguagem é simples e direta, não se utiliza de muitas figuras de linguagem ou de expressões com pluralidade de sentidos.
- Todas as ações se encaminham diretamente para o desfecho.
- Envolve poucas personagens, e, as que existem se movimentam em torno de uma única ação.
- As ações se passam em um só espaço, constituem um só eixo temático e um só conflito.
Focos narrativos:
 Primeira pessoa: Personagem principal conta sua história; este narrador limita-se ao saber de si próprio, fala de sua própria vivência.
 Terceira pessoa: O texto é narrado em 3ª pessoa e neste caso podemos ter:
a) narrador observador: o narrador limita-se a descrever o que está acontecendo, "falando" do exterior, não nos colocando dentro da cabeça da personagem; assim não sabemos suas emoções, ideias, pensamentos; o narrador apenas descreve o que vê, no mais, especula;
b) narrador onisciente: conta a história; o narrador tudo sabe sobre a vida das personagens, sobre seus destinos, ideias, pensamentos; como se narrasse de dentro da cabeça delas.
O conto pode apresentar-se em discurso:
·      Direto: (discurso direto) as personagens conversam entre si; usam-se os travessões. Além de ser o mais conhecido é, também, predominante no conto.
Exemplo:
(...)
Depois da sobremesa, boca pedindo água depois de tanto doce caseiro, o velho Arquimedes     disse:  — Ocês tão bebendo tanta água, sem nojo...
— Bisavô, era brincadeira!
— Eu também fiz uma brincadeira: durante todo esse tempo que fiquei banguela, minha dentadura ficou de molho, dentro do filtro!
                                                                                                O Bisavô e a Dentadura. Sylvia  Orthof.
Indireto: (discurso indireto) quando o escritor resume a fala da personagem em forma narrativa, sem destacá-la. Ele conta como aconteceu o diálogo, quase que reproduzindo-o. Exemplo:
“Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.
(...)
A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo.”
Uma vela para Dario. Dalton Trevisan
Indireto livre (discurso indireto livre) é a fusão entre autor e personagem (primeira e terceira pessoa da narrativa); o narrador narra, mas no meio da narrativa surgem diálogos indiretos da personagem como que complementando o que disse o narrador.
Dicas para escrever um conto:
Evite ser prolixo. Economize na quantidade de personagens, nas descrições, na complicação da trama. Evite os rebuscamentos, adjetivações e clichês. Cuidado com a repetição de palavras.
  Use a ironia e o humor fino, quando possível.
Se o conto é dramático, tome cuidado com o exagero e a pieguice (sentimentalidade excessiva).
Seja verossímil. Evite contradições no comportamento de seus personagens e no desenvolvimento da história. Lembre-se, no entanto, que a verossimilhança não significa prender-se à realidade.
Leia:
Uma vela para Dario
                       Dalton Trevisan
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.
Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca.
Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.
Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.
Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.
O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.
A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.
Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.
Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.
Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.
Texto extraído do livro "Vinte Contos Menores", Editora Record. Rio de Janeiro, 1979, pág. 20. Este texto faz parte dos 100 melhores contos brasileiros do século, seleção de Ítalo Moriconi para a Editora Objetiva.
ü  Gênero textual relato
  Ao narrar um acontecimento, produz-se inevitavelmente um relato, seja escrito ou oral. Sua principal função é tornar conhecida uma ação ou sequência de ações já ocorridas, sendo, portanto, no campo da escrita, um texto primordialmente narrativo. Quando se conta como foi um acidente, de que forma um jogador fez um gol ou como um crime ocorreu, por exemplo, estão sendo produzidos relatos.
Esse tipo de texto costumeiramente insere-se em outros. Notícias, notas informativas, biografias, diários, blogs, relatórios e textos que tratam sobre a História são essencialmente constituídos de relatos. Até os Boletins de Ocorrência o são. Sem eles, as reportagens não poderiam ser escritas, e muitas entrevistas não teriam um bom motivo para ser realizadas. A maior parte das cartas pessoais praticamente não existiriam. Logo, conclui-se que, embora sejam de simples estrutura, os relatos são talvez o tipo de texto mais comum no cotidiano. Eles não pressupõem histórias com conflito, tampouco com contextualizações e descrições muito elaboradas, basta que sejam narradas as ações de uma ou mais personagens, reais ou não.  Algumas vezes a Narração é confundida com Relato, pois em grande parte ela é formada por relatos, contudo na Narração espera-se algo mais: desenvolvimento de um conflito, clímax e desfecho.
O Relato possui um título simples, cujo objetivo é a mera identificação sobre o que ele trata, por exemplo: Relato de um carteiro; Relato sobre um roubo. Quanto às demais partes da estrutura, não há segredos, o Relato pode ter um ou mais parágrafos, dependendo de sua função. No caso de um exame vestibular, sua extensão dependerá exclusivamente do espaço fornecido pela prova.
  Leia os relatos a seguir e observe a diferença entre os temas:
  RELATO I - John Napier
John Napier era um proprietário escocês, Barão de Murchiston, que administrava suas grandes propriedades e escrevia sobre vários assuntos. Ele só se interessava por alguns aspectos da matemática, particularmente os que se referiam à computação e à trigonometria. Napier conta que trabalhou em sua invenção dos logaritmos durante vinte anos antes de publicar seus resultados em 1614. Napier começou a reduzir operações tediosas de multiplicação a operações mais simples de adição através da correspondência entre progressões aritméticas e geométricas.
A publicação, em 1614, do sistema de logaritmos de Napier teve sucesso imediato. Entre seus admiradores mais entusiásticos estava o inglês Henry Briggs, grande professor de geometria em Oxford. Em 1615, ele visitou Napier em sua casa, na Escócia, e lá eles discutiram possíveis modificações nos métodos dos logaritmos. Briggs propôs o uso de potências de 10. Napier concordou. Morreu em 1617 e, em 1624, Briggs publicou a "Arithmetica Logarithimica", uma tabela com os logaritmos comuns.
http://www.grupoescolar.com/materia/john_napier_(1550_-_1617).html
RELATO II
  (POST DE UMA PÁGINA DE INTERNET)
No dia do terremoto, os funcionários do hotel onde eu me refugiava colocaram uma TV no saguão para a gente assistir. Pessoas que estavam dormindo no chão reuniram-se em torno do aparelho e eu também fui atrás, rastejando para fora do cobertor embaixo do qual estava bem agasalhada. Sete horas após o abalo às 14h46 - esta era a primeira vez que entrava em contato com notícias reais sobre o terremoto.
Imagens inacreditáveis apareciam na tela. Cidades foram arrastadas pelo tsunami, literalmente, dentro de um instante. As pessoas assistiam à televisão sem dizer uma palavra sequer. Todas permaneciam em silêncio enquanto olhavam para a tela. Alguns que não puderam aguentar mais começaram a desviar o olhar.
Enquanto eu via cidades inteiras sendo engolidas pelo tsunami na televisão, lembrei-me do terremoto de Kobe, em 1995. Eu também estava assistindo à televisão na época. Quando o terremoto atingiu Kobe, pela manhã, eu estava em Tóquio. Durante todo o dia, enquanto estava no trabalho, tentei contato com minha família na região de Kansai, onde o terremoto aconteceu, mas não consegui falar com ninguém.
Temendo que tivesse ficado sozinha no mundo, fiquei olhando as imagens dos incêndios na televisão à noite toda. “Por que os caminhões dos bombeiros não estão aqui quando os carros da televisão estão?”, indagou uma senhora que só podia ver a cidade se transformar em cinzas, sem poder fazer nada para parar os incêndios. Foi doloroso de assistir.
Foi o mesmo com o tsunami desta vez: não foi o terremoto, mas os incêndios e o tsunami, tudo o que vem depois que o terremoto destrói de fato as cidades. As câmeras capturam imagens quando aconteceram, mas ninguém pode fazer nada sobre isso. Em questão de momentos, inúmeras pessoas perderam a vida enquanto tudo era documentado em vídeos.
http://pt.globalvoicesonline.org/2011/03/15/japao-terremoto-testemunho/
Além dos gêneros textuais citados existem diferentes outros gêneros como: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio, noticia jornalística, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversão espontânea, conferencia, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante.


ü  Critérios básicos e imprescindíveis para uma boa produção textual: Coerência e coesão.
             Para que um texto fique claro, objetivo e interessante, ele precisa realçar beleza, para que sua estética seja vista de maneira plausível.
             Fazendo parte dessa estética estão os elementos que participam da construção textual; entre eles, a coesão e a coerência.
           Coerência e coesão textuais são dois conceitos importantes para uma melhor compreensão do texto e para a melhor escrita de trabalhos de redação de qualquer área.
            A coesão trata basicamente das articulações gramaticais existentes entre as palavras, as orações e frases para garantir uma boa sequenciação de eventos. A coerência, por sua vez, aborda a relação lógica entre ideias, situações ou acontecimentos, apoiando-se, por vezes, em mecanismos formais, de natureza gramatical ou lexical e no conhecimento compartilhado entre os usuários da língua.
             Definição específica:
Coesão: é a conexão que liga elementos no texto (palavras, orações, períodos, parágrafos), que cria harmonia entre os elementos de um texto.

            A coesão nada mais é que a ligação harmoniosa entre os parágrafos, fazendo com que fiquem ajustados entre si, mantendo uma relação de significância. Para melhor entender como isso se processa, imagine um texto sobrecarregado de palavras que se repetem do início ao fim. Então, para evitar que isso aconteça, existem termos que substituem a ideia apresentada, evitando, assim, a repetição. Falamos das conjunções, dos pronomes, dos advérbios e outros.
Exemplo: A magia das palavras é enorme, pois elas expressam a força do pensamento. As mesmas têm o poder de transformar e de conscientizar (neste exemplo, o pronome mesmas, que substitui o substantivo palavras do primeiro período, funciona como elemento de coesão).

Coerência: é a propriedade do texto que permite que se construa sentido a partir dele, estabelecendo relação entre suas partes e entre o próprio texto e a situação de sua ocorrência. Um mesmo texto pode parecer coerente (interpretável) para um leitor/ouvinte e não para outro.

            Quando falamos sobre coerência, nos referimos à lógica interna de um texto, isto é, o assunto abordado tem que se manter intacto, sem que haja distorções, facilitando, assim, o entendimento da mensagem. Estes são apenas alguns dos requisitos para a elaboração de um texto, e estas técnicas vão sendo apreendidas à medida que nos tornamos escritores assíduos.

Exemplo: Aquele garoto não gosta de futebol e, portanto, fica chamando seus amigos para jogar (incoerência, porque quem não gosta de um esporte evita praticá-lo).  Fanático por futebol, o pai de João obriga o filho a jogar. Mas aquele garoto não gosta de futebol e, portanto, fica chamando seus amigos para jogar. Assim, ele pode ficar a um canto enquanto os amigos jogam, e a algazarra que fazem dá ao pai a falsa impressão de que o filho está se divertindo (coerência restabelecida por acréscimo de informações).

  
POR VALÉRIA LIMA

REFERÊNCIAS

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EMEDIATO, Wander. A Fórmula do Texto: redação e argumentação, e leitura.                            São Paulo: Geração Editorial, 2008.
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KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual,12. ed. Contexto,São Paulo: 2001.
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LAKATOS, Maria Eva e MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia Do Trabalho Cientifico. 4º ed. Atlas, São Paula 1992.
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SITES CONSULTADOS

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